Uma equipe internacional de pesquisadores está escavando um dos subúrbios de Teotihuacan, no México, em busca de artefatos antigos e indícios que ajudem a compreender o que ocasionou o “Grande Evento de Fogo” que colapsou a cidade. Este local abriga muita história, já que mesmo antes da chegada dos astecas por lá, outros grupos de pessoas fizeram de Teotihuacan sua morada.

Com seus templos de pedra, comparáveis em tamanho e importância às pirâmides do Egito, Teotihuacan atrai visitantes curiosos sobre a arquitetura e o mistério em torno da repentina queda da cidade em torno de 550 a.C.

O professor assistente de antropologia em línguas e culturas mundiais na Universidade Estadual de Iowa, Andrew Somerville, está liderando o projeto com a pesquisadora visitante da Universidade Estadual do Arizona e arqueóloga afiliada ao Centro Francês de Estudos Mexicanos e Centro-Americanos, Marion Forest.

Ao consultar pesquisas anteriores, Somerville apontou que, durante o chamado “Grande Evento de Fogo”, a população de Teotihuacan caiu de 70 a 80%. Nessa ocasião o centro e todos os templos da cidade foram queimados.

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Imagem: Fotografia de um templo em Teotihuacan, no México. Créditos: Feben Ruscitti

Em contato com a população do local, paira uma lenda de que o colapso de Teotihuacan foi causado por invasores estrangeiros. Para averiguar a veracidade dessa hipótese, a equipe de Somerwille quer descobrir se os habitantes de Hacienda Metepec, um bairro remanescente da época do Grande Evento de Fogo, eram descendentes dos habitantes originais de Teotihuacan ou representam um grupo étnico recém-chegado e diferente.

Alguns indícios físicos, como a presença de bens importantes e mudanças nos estilos cerâmicos logo após o evento podem indicar que de fato o incêndio foi causado por um fator externo. Entretanto, alguns pontos relevantes, como o tamanho e o design das casa que existiam antes do colapso, sugerem que a crescente desigualdade foi a faísca que culminou no incêndio.

Outros pontos que o projeto pretende observar são as mudanças nas redes comerciais, no consumo alimentar da população e na forma como os víveres foram produzidos nas centenas de anos antes da chegada dos espanhóis.

Para Somerville, compreender o declínio do Teotihuacan e os impactos subsequentes durante um longo período de tempo poderia ajudar os centros urbanos modernos a não ter o mesmo destino da cidade mexicana.

Ferramentas e utensílios de astecas e outras civilizações antigas

Durante os esforços, a equipe encontrou ferramentas que provavelmente fazem parte do período colonial espanhol, como utensílios de cozinha de uma cozinha asteca: grandes potes de olla para armazenar grãos ou água e griddles, pedaços de cerâmica e ferramentas obsidianas dos períodos pouco antes e depois do Grande Fogo surgiram.

O especialista em antropologia e estudos clássicos, Feben Ruscitti, disse que foram encontrados centenas de objetos naquela região. Com essa pesquisa, Ruscitti disse que “além de continuar a desenvolver e refinar minhas técnicas de escavação e processamento de artefatos, aprendi a fazer uma análise do local e estava mais envolvido na discussão e na tomada de decisões”.

A estudante de pós-graduação em antropologia Serena Webster, declarou que “fazer parte do projeto de pesquisa na Hacienda Metepec foi uma benção para minha pesquisa de tese, que se concentra na indústria obsidiana na Mesoamérica”.

Como o local e seus artefatos fazem parte do patrimônio cultural do México, Somerville compartilhou que a equipe solicitou uma licença com o governo mexicano e fornecerá um relatório detalhado após cada temporada de campo. Nenhum dos artefatos deixará o país e serão entregues ao governo no final do projeto.

Em breve o estudo aumentará em seu escopo e abrirá outras unidades de escavação maiores, isso exigirá mais pessoas treinadas para colaborar com as descobertas na cidade. Somerville está ansioso com o futuro, já que vê muito valor nas descobertas que sua equipe está fazendo em um lugar tão importante para a história.

Via: Phys