A missão DART, da NASA, está a poucos dias de se chocar com um asteroide a 11 milhões de quilômetros da Terra.
A tão esperada missão DART (em inglês Double Asteroid Redirection Test, ou Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo) da agência irá impactar com a lua do asteroide Dimorphos na segunda-feira (26), se tudo correr conforme o planejado.
A missão DART foi lançada em 23 de novembro de 2021 no topo de um foguete SpaceX Falcon 9 e agora está voando pelo espaço profundo em direção ao asteroide binário próximo da Terra (65803) Didymos e sua lua Dimorphos.
A missão, gerenciada pelo JHUAPL (Laboratório de Física Aplicada da Universidade John Hopkins), é a primeira tentativa da humanidade de determinar se podemos alterar o curso de um asteroide, feito que um dia pode ser necessário para salvar a civilização humana.
Embora mudar a órbita de um asteroide a 11 milhões de quilômetros de distância pareça assustador, membros da equipe DART e do JHUAPL disseram, durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (22) que estão confiantes de que os anos de planejamento que levaram à missão levarão sucesso.
Viajando a velocidades de 23.760 km/h, a espaçonave DART impactará o Dimorphos de 170 m, uma lua que orbita o outro membro de seu sistema binário, o asteroide Didymos, de 780 m de largura.
Fazer isso, acredita a NASA, mudará o período orbital de Dimorphos o suficiente para alterar seus efeitos gravitacionais no Didymos maior, mudando a trajetória do par.
Katherine Calvin, cientista-chefe e conselheira climática sênior da NASA, disse que, embora o DART seja teste-chave dessa estratégia de defesa planetária de “impactador cinético”, a missão também produzirá ciência valiosa que permitirá aos astrônomos examinar a história profunda do sistema solar.
“Estamos olhando para asteroides para ter certeza de que não nos encontramos em seu caminho. Também os estudamos para aprender mais sobre a formação e história do nosso sistema solar. Cada vez que vemos um, estamos pegando um vislumbre de um fóssil do sistema solar primitivo”, disse Calvin.
“Esses remanescentes capturam época em que planetas, como a Terra, estavam se formando”, acrescentou a cientista. “Asteroides e outros pequenos corpos também forneceram água e outros ingredientes da vida para a Terra à medida que ela estava amadurecendo. Estamos estudando isso para aprender mais sobre a história do nosso sistema solar”, indicou.
Lindley Johnson, oficial de defesa planetária da NASA, disse que o DART marca um ponto de virada na história da espécie humana.
“Este é um momento emocionante, não apenas para a agência, mas para a história espacial e a história da humanidade. É a primeira vez que podemos demonstrar que temos não apenas o conhecimento dos perigos representados por esses asteroides e cometas que sobraram da formação do sistema solar, mas, também, que temos a tecnologia que pode desviar estes corpos de um curso de entrada para impactar a Terra. Portanto, esta demonstração é extremamente importante para o nosso futuro”, afirmou.
Esse é o mesmo sentimento de Tom Statler, cientista do DART. “O primeiro teste é o de nossa capacidade de construir nave espacial guiada de forma autônoma que realmente atingirá o impacto cinético no asteroide. O segundo é de como o asteroide real responde ao impacto cinético”, disse.
“Porque, no final das contas, a verdadeira questão é: Com que eficácia movemos o asteroide e essa técnica de impacto cinético pode ser usada no futuro se precisarmos?”, pontuou.
Edward Reynolds, gerente de projeto DART da JHUAPL, disse que a espaçonave está pronta para se despedaçar na superfície de Dimorphos quando chegar a hora.
“O que podemos dizer neste momento é que todos os subsistemas da espaçonave são verdes, saudáveis e que estão funcionando muito bem. Temos bastante propulsor e muita energia”, disse Reynolds. “Estamos fazendo vários ensaios, e alguns são muito nominais.”
“Neste ponto, posso dizer que a equipe está pronta”, acrescentou Reynolds. “Os sistemas terrestres estão prontos e a espaçonave está saudável e a caminho de um impacto na segunda-feira.”
Hora do impacto
Os engenheiros da equipe DART estão observando cuidadosamente a trajetória da espaçonave nos próximos dias que antecedem o impacto, que deve ocorrer às 20h14 (horário de Brasília).
Elena Adams, engenheira de sistemas de missão DART da JHUAPL, disse que a equipe ainda está certificando-se de que a espaçonave impactadora esteja no curso.
“Nos próximos dias, estaremos realizando algumas manobras de correção de trajetória para garantir que estamos no caminho certo para atingir o asteroide. Ensaiamos muito, mas, à medida que passamos pela fase de cruzeiro, atualizamos os parâmetros na espaçonave para ter certeza de que podemos realmente atingir o asteroide. Assim, nos últimos dois dias, atualizaremos esses parâmetros e farei verificações, como transmitir imagens de volta à Terra”, contou Adams.
“Nos próximos dias, tiraremos mais imagens do sistema Didymos, faremos manobras de correção de trajetória e, 24 horas antes do impacto, tudo estará no convés”, acrescentou.
Adams disse que a equipe tem 21 tipos de contingências no caso do sistema de Navegação Autônoma em Tempo Real (Smart Nav) de Manobras de Corpo Pequeno do DART determinar que a espaçonave está fora do curso. “Planejamos tudo e estamos prontos para intervir. Estamos ensaiando isso há algum tempo.”
A 21ª contingência que a equipe planejou é a sobrevivência do DART. Caso a espaçonave perca Dimorphos, Adams disse que a equipe começará imediatamente a processar os dados coletados pela espaçonave e planejará possível impacto com outros objetos.
“Vamos nos sentar de volta em nossos assentos e vamos começar a preservar todos os dados a bordo se ele falhar. E teremos tempo com nossa Deep Space Network logo depois para poder realmente obter todos os dados. Então, começaremos a conservar o propelente e a procurar [outros] objetos”, afirmou.
Statler acrescentou que, embora esse tipo de missão já tenha sido fantasia, a equipe do DART acredita que agora tem as ferramentas e o conhecimento para realizar uma missão de defesa planetária bem-sucedida.
“Estamos movendo um asteroide. Estamos mudando o movimento de um corpo celeste natural no espaço. A humanidade nunca fez isso antes. É coisa de livros de ficção científica e de episódios realmente bregas de ‘Star Trek’ de quando era criança. Agora é real. É meio surpreendente que estamos realmente fazendo isso e que isso é presságio para o futuro: O que podemos fazer, bem como nossas discussões sobre o que a humanidade deve fazer”, ressaltou.
Com informações de Space.com
Imagem destacada: Ilustração/NASA
Fonte: Olhar Digital
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