Aumentar a produção de combustível de hidrogênio é agora alta prioridade para o governo dos EUA, enquanto tenta acabar com a poluição por combustíveis fósseis que causa as mudanças climáticas.
O Departamento de Energia estadunidense quer produzir 10 milhões de toneladas métricas de hidrogênio “limpo” até 2030, de acordo com o projeto de Estratégia e Roteiro Nacional de Hidrogênio Limpo, divulgado nesta quinta-feira (22).
Cerca de 10 milhões de toneladas métricas de hidrogênio já são produzidas nos EUA a cada ano, mas isso é principalmente hidrogênio “cinza”, feito com gás natural sujo.
A mudança seria combinar esse gás natural com tecnologias controversas que capturam as emissões de dióxido de carbono, além de produzir mais hidrogênio usando fontes de energia renováveis e energia nuclear.
O hidrogênio limpo é “tecnologia de alta prioridade para este governo”, disse o vice-secretário de Energia dos EUA, David Turk, em coletiva de imprensa. “Vou dizer uma palavra sobre o porquê disso, é versatilidade.”
Hidrogênio, o combustível do futuro?
O hidrogênio é visto como combustível alternativo aos combustíveis fósseis. Pode ser combustível mais limpo para aviões ou navios, por exemplo.
Também há esperança de que o uso de hidrogênio como possa reduzir potencialmente as emissões de gases de efeito estufa de processos industriais que precisam atingir temperaturas extremamente altas, algo mais difícil para as energias renováveis, como a eólica e a solar.
Quando o hidrogênio é feito com excesso de energia eólica e solar, ele também serve como espécie de “armazenamento de energia”, semelhante a uma bateria, para que a energia renovável abundante não seja desperdiçada quando a demanda de eletricidade for baixa.
O hidrogênio libera vapor de água quando queimado e é por isso que está sendo vendido como combustível limpo. A grande ressalva é que o hidrogênio é essencialmente tão limpo quanto a fonte de energia usada para produzi-lo.
Uma maneira de produzir hidrogênio é por meio da eletrólise, que usa eletricidade para separar as moléculas de água em hidrogênio e oxigênio. O hidrogênio “verde” pode ser feito dividindo as moléculas de água usando energia renovável. Há também o hidrogênio “rosa”, feito por meio de eletrólise alimentada por energia nuclear.
Porém, a maioria do hidrogênio produzido hoje é “cinza” e emissor de gases de efeito estufa. Para produzir hidrogênio cinza, o gás metano reage com vapor de alta temperatura sob alta pressão em processo que libera dióxido de carbono enquanto produz o hidrogênio.
Agora, o governo do presidente Joe Biden quer contar com tecnologias que eliminam o CO2 das emissões das chaminés para tentar tornar esse hidrogênio cinza em limpo.
Essa é uma proposta considerada controversa, já que os críticos argumentam que prolongaria, em vez de eliminar gradualmente, o “reinado” dos combustíveis fósseis. A captura de CO2 não lida com vazamentos de metano, que são grande problema para a infraestrutura de gás natural.
Há também preocupações de que uma nova indústria de hidrogênio possa criar seus próprios problemas. Citando preocupações de segurança sobre vazamentos de oleodutos e instalações de armazenamento de hidrogênio, vários grupos ambientais enviaram carta à secretária de Energia dos EUA, Jennifer Granholm, no início desta semana, pedindo ao Departamento de Energia que abandonasse os projetos de hidrogênio das iniciativas de justiça ambiental do governo Biden.
Biden segue adiante com o projeto
No entanto, o governo Biden parece pronto para avançar com o projeto. O roteiro divulgado inclui metas de produção de hidrogênio limpo que crescem com o tempo: 20 milhões de toneladas métricas de hidrogênio limpo até 2040 e 50 milhões de toneladas métricas até 2050.
O Departamento de Energia acredita que isso poderia reduzir as emissões de gases de efeito estufa dos EUA em 10% até 2050. O roteiro, no entanto, ainda é um rascunho e o DOE diz que está solicitando feedback antes de finalizar a estratégia.
Os EUA já colocaram em prática planos para desenvolver até dez centros regionais para produção de hidrogênio. Pelo menos um dos centros deve usar energia renovável para produzir combustível de hidrogênio, diz o DOE, e outro centro deve aproveitar a energia nuclear.
Mas o DOE também está procurando pelo menos dois hubs em regiões com “recursos abundantes de gás natural”. Nesta quinta-feira (22), o DOE abriu US$ 7 bilhões em oportunidades de financiamento para desenvolver esses centros, que a agência diz que será “um dos maiores investimentos da história do DOE”.
Com informações de The Verge
Imagem destacada: Audio und werbung/Shutterstock
Fonte: Olhar Digital
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