A importância de ter boas fontes de Ômega 3 na alimentação já é conhecida, mas um novo consenso da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) mostra que, além de a dieta do brasileiro ser deficiente nesse quesito, exagerar no consumo não é uma boa opção.
As principais fontes do Ômega 3 para o brasileiro são algas e peixes marinhos, como o salmão e a sardinha. Contudo, além de ser pouco consumido no Brasil, o salmão mais comum por aqui é criado em cativeiro e não tem a concentração adequada de DHA — um dos componentes que mais fazem bem a saúde.
No caso da sardinha, fonte alternativa mais acessível aos brasileiros devido ao preço, o consumo também é insuficiente para garantir a ingestão de quantidades recomendadas de DHA.
Para a médica Jordanna Leão, que tem mais de 10 anos de experiência em acompanhamento fetal, não ter uma opção alimentar que alcance os níveis ideais do Ômega 3 é preocupante, principalmente para as gestantes e lactantes, já que a substância é essencial para o desenvolvimento do bebê e a saúde no geral, tanto da criança quanto da mãe.
“O DHA é um nutriente fundamental para a saúde da criança em seu crescimento e desenvolvimento. Seu papel principal é na formação e funcionamento do sistema nervoso central e retina”, explica a especialista. “Estudos apontam a associação de DHA, EPA e ARA com a saúde materna durante a gravidez. Isso também reflete na duração da gestação, ocorrência de parto prematuro, peso do bebê ao nascer, probabilidade de depressão pós-parto, hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia, e padrões de crescimento pós-natal.”
A profissional ainda destaca que o nutriente é tão abrangente que também beneficia o desenvolvimento neurológico e cognitivo, relacionados à aprendizagem. O consumo adequado pode reduzir ainda a presença de dermatite atópica, alergias e doenças respiratórias.
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Ômega 3 sem exageros
Por outro lado, a preocupação pela falta de DHA suficiente no Ômega 3 é paralela ao consumo exacerbado: sempre que a importância de uma substância para a saúde se torna pauta, é comum a população em geral buscar aumentar o consumo. Sobre essa movimentação e o Ômega 3, a médica pontua que é importante um acompanhamento nutricional adequado.
Isso por que, conforme ressalta, a falta de regulação relacionada ao DHA na criação de peixes marinhos em cativeiro dificulta a definição das fontes adequadas e seguras. Além disso, com o aumento no consumo de pescados existe ainda o risco de uma maior ingestão de metais pesados, representando um grande perigo à saúde.
“Com relação ao consumo, uma porção de peixe tem aproximadamente 120 g de DHA. Com isso, a ingestão recomendada é de três porções por semana, ou seja, 360 g semanais. Já com relação à suplementação, a Organização Mundial de Saúde (OMS) define pelo menos 200 mg diárias de DHA para gestantes”, orienta.
Ainda que o DHA seja indispensável para alcançar as melhores condições de saúde para gestantes e lactantes, Jordanna frisa que recorrer a uma mudança na dieta ou à suplementação sem orientação também pode trazer prejuízos. O ideal é buscar por informações em redes confiáveis e, claro, não deixar de consultar o médico para uma avaliação e orientação mais personalizada.
“Vale ressaltar que hoje em dia o FDA — [Food and Drug Administration] entidade regulatória dos Estados Unidos — não dá uma segurança muito grande quanto ao consumo do peixe pelo risco de intoxicação por mercúrio. É fundamental saber a procedência do peixe. A gestante também não deve comer peixe de forma indiscriminada. A dose máxima semanal deve ser respeita e ainda existem peixes que não podem ser consumidos de forma alguma, como o tucunaré, o robalo chileno, riscado, o atum e a lagosta, dentre outros.”
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Fonte: Olhar Digital
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