* Pedro Bruder
Grande parte da população do planeta Terra enfrenta enormes problemas para continuar subsistindo. São guerras, fome, desnutrição, desmatamento, falta de água, pobreza. Não por acaso, a Organização das Nações Unidas reuniu, em 2012, todos esses entraves à sobrevivência nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável a serem atingidos até 2030. É um apelo para que organizações, empresas e pessoas façam sua parte.
Olhando para o mundo neste momento, praticamente no final de 2022, parece quase impossível acreditar que esses objetivos serão alcançados até a data estipulada pela ONU.
Como erradicar a pobreza, promover a agricultura e a industrialização sustentáveis, reduzir as desigualdades, fomentar a inovação, combater as mudanças climáticas? E o que dizer do crescimento econômico inclusivo, a educação de qualidade, as oportunidades de aprendizagem, saúde e bem-estar para todos? Como disponibilizar água limpa e saneamento, conservar e usar de forma responsável a água e os ecossistemas terrestres, combatendo e revertendo a degradação da terra?
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Não são tarefas simples, mas não urgentes. Demandam união, esforço global concentrado e, mais que isso, mudança de cultura em nível mundial.
Gosto de dizer que nem tudo está perdido e que, sim, existem formas de se atingir os Objetivos da Agenda 2030 da ONU. Dinheiro para isso existe. Ele só precisa ser melhor utilizado, direcionado para o que realmente importa. Está na hora de deixarmos de apenas acumular o dinheiro, mas de fazê-lo circular com propósito. É um recurso que pode se transformar em investimento social em benefício de todos e de tudo.
Com essa visão, nasceram as finanças regenerativas, um modelo recente, resultado da convergência de dois fatores. O primeiro deles é o movimento dos millenials, que acreditam que doar apenas não resolve e, a partir disso, começaram a impulsionar o conceito ESG. O segundo, surgido em 2020, são as finanças descentralizadas – contratos inteligentes na blockchain que permitem eliminar intermediários, tornando mais impessoal e sem discriminação o acesso a serviços financeiros. É um ambiente permissionless, mas com regras. É impessoal porque não há ninguém para aprovar ou não um empréstimo, mas é democrático e descentralizado.
Finanças regenerativas se traduzem na busca de uma nova maneira de usar o dinheiro para regenerar o planeta. Regenerar é fundamental para garantir maior equidade no mundo, é pagar a conta do que nossos antepassados fizeram e deixaram de fazer, é o caminho natural a ser seguido daqui para frente.
Até pouco tempo atrás, o comum eram as doações e as grandes fortunas nunca deixaram de fazer isso, embora jamais tenham reparado os danos causados. Os millenials incorporaram o conceito ESG (meio ambiente, social e governança, na sigla em inglês) para promover a neutralização, mas, novamente, não para recuperar o que se degradou.
Acreditamos que a hora é de regenerar o planeta, como alerta a ONU nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. As finanças descentralizadas e regenerativas podem ajudar aqueles que estão dispostos a colocar seu capital em favor da sociedade. Antes que seja tarde demais!
Fonte: Olhar Digital
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