Estima-se que uma tonelada de lixo espacial reentre na atmosfera da Terra a cada semana. Porém, essa é uma média e, na verdade, o que presenciamos são meses de inatividade seguidos por um curto período de muita atividade, segundo Marlon Sorge, diretor-executivo do Centro de Estudos de Detritos Orbitais e de Reentrada da Aerospace Corporation.
Apesar disso, só porque um objeto entra na atmosfera não significa que ele chegará até a superfície da Terra. Afinal, devido ao pequeno tamanho, até 60% dos detritos espaciais se desintegram durante a reentrada, segundo Sorge. Dos objetos que atravessam a atmosfera, a maioria cai no oceano longe de áreas povoadas.
Ainda assim, a cada ano que passa há mais lixo espacial na atmosfera. Em 2021, por exemplo, foram mais de 1,9 mil elementos registrados pela primeira vez no índice de objetos espaciais das Nações Unidas.
Enquanto a maioria desses objetos são satélites – que, felizmente, estão ficando cada vez menores –, existem ainda outras partes maiores. No final de julho de 2022, por exemplo, um propulsor do foguete Longa Marcha 5B da China reentrou na atmosfera e caiu no Mar de Sulu, perto das Filipinas.
Detritos são perigosos?
A probabilidade de uma pessoa ser morta por um pedaço de lixo espacial é de 10% na próxima década, segundo um estudo produzido pela Universidade da Colúmbia Britânica e publicado, em 2022, no periódico Nature Astronomy.
Os cientistas contabilizaram 1,5 mil reentradas de corpos de foguetes na nossa atmosfera nos últimos 30 anos. Desse total, mais de 70% foram reentradas descontroladas.
“Nossas estimativas são conservadoras. Provavelmente, é pior do que isso”, diz Aaron Boley, professor da Universidade da Colúmbia Britânica e um dos autores do estudo.
Os cientistas nem sempre sabem como um pedaço de lixo espacial vai entrar na atmosfera ou qual caminho ele irá percorrer – pois, mesmo após cálculos, ele pode sofrer a influência das variações na atmosfera.
“O problema é que você não sabe onde ela vai reentrar até uma ou duas órbitas antes de reentrar”, diz Boley. “Você pode fazer suas melhores medições absolutas, mas o fato é que você tem esse objeto que está caindo.”
Lixo espacial tem solução?
Felizmente, existem algumas ações que podem ajudar na diminuição dos detritos. A primeira, é usar o conhecimento que já temos sobre o tema. Um estudo da Advances in Space Research, de 2021, divulgou que o local que os detritos caem depende da órbita que eles têm no início da reentrada. Com isso, o uso de um propulsor nesse momento pode ajudar a direcionar onde esses detritos caem na Terra.
A segunda ação é voltada para as empresas e agências espaciais. Seguindo o exemplo da SpaceX, elas podem se dedicar a projetar propulsores capazes de voltar controladamente à superfície.
Por fim, mas igualmente importante, é o estabelecimento de regras internacionais para reentradas controladas. Atualmente, muitos países têm políticas frouxas em relação ao tema – alguns realmente não se importam, mas outros isentam às agências quando um lançamento não atende às diretrizes estipuladas.
“À medida que expandimos para o espaço, precisamos perceber que é preciso haver ampla cooperação”, diz Boley. “Há implicações para o resto do mundo que precisam ser levadas em consideração.”
Via Astronomy.
Fonte: Olhar Digital
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