Pesquisadores acreditam ter encontrado fragmentos do mapa das estrelas mais antigo da humanidade, que estavam escondidos em um manuscrito grego medieval. Trata-se de um catálogo estelar feito há mais de 2.100 anos pelo astrônomo grego Hiparco – conhecido como pai da trigonometria e tido por muitos como o maior astrônomo da Grécia antiga.
Por muito tempo, esse registro foi considerado a primeira tentativa de atribuir coordenadas a corpos estelares. Apesar disso, o tratado só era conhecido por meio dos escritos de outro famoso astrônomo antigo, Cláudio Ptolomeu – que registrou seu próprio inventário celestial cerca de 400 anos depois, chamado Almagesto.
“Esta nova evidência é a mais confiável até o momento e permite um grande progresso na reconstrução do Catálogo de Estrelas de Hiparco”, diz um estudo sobre a descoberta publicado na revista History of Astronomy nesta semana.
Os pesquisadores encontraram os fragmentos em um livro de textos siríacos escritos no século X ou XI, chamado Codex Climaci Rescriptus, que está no Museu da Bíblia em Washington D.C., nos Estados Unidos.
No entanto, as páginas desse pergaminho tinham sido apagadas para que pudessem ser reutilizadas (uma prática comum de reciclagem na época). Ainda assim, felizmente, havia traços visíveis de sua forma anterior.
Por isso, foi utilizada uma técnica não invasiva, conhecida como imagem multiespectral, pelas equipes da Early Manuscripts Electronic Library, na Califórnia, e do Lazarus Project, com sede no Rochester Institute of Technology. Ela consiste em utilizar diversos comprimentos de onda de luz para revelar os textos e medições obscurecidos.
A partir dos dados coletados, pesquisadores das universidades de Sorbonne e Cambridge conseguiram decifrar as descrições de quatro constelações. Eles acreditam terem encontrado não apenas a cartografia de Hiparco, mas evidências de que ela seja mais precisa do que o tratado de Ptolomeu.
No entanto, eles ponderam que estão trabalhando com uma pequena amostra dos dados e que erros significativos possam existir em outras partes do documento que não sobreviveram ou não foram descobertos ainda.
A descoberta do mapa das estrelas de Hiparco esclarece não apenas a história da astronomia. Aparentemente, a imagem multiespectral também ressuscitou as cópias mais antigas dos conhecidos escritos do matemático grego Arquimedes.
Além disso, foram revelados segredos de pergaminhos danificados na erupção do Monte Vesúvio, bem como dos Pergaminhos do Mar Morto – que contêm fragmentos bíblicos historicamente significativos recuperados de cavernas em Qumran, em Israel.
Via CNET.
Fonte: Olhar Digital
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