Um poderoso “olho” no céu está ajudando os cientistas a monitorar a Terra em busca de grandes emissores de metano, um gás de efeito estufa cerca de 80 vezes mais potente que o dióxido de carbono.
Esse superobservador é o EMIT (sigla em inglês para Instrumento de Investigação de Origens de Minerais da Superfície da Terra), instalado pela NASA na Estação Espacial Internacional (ISS).
Desde julho, quando foi acomodado na parte externa do laboratório orbital, o instrumento vem mapeando a composição química da poeira em todas as regiões desérticas do planeta, ajudando os pesquisadores a entender como os componentes químicos liberados no ar afetam o clima.
De acordo com um comunicado da NASA, o EMIT tem encontrado enormes plumas de gás metano, que retém calor em todo o mundo — e as detecções já passam de 50.
“Controlar as emissões de metano é a chave para limitar o aquecimento global”, disse o administrador da agência, Bill Nelson. “Esse novo desenvolvimento não só ajudará os pesquisadores a identificar melhor de onde os vazamentos de metano estão vindo, mas também fornecerá uma visão sobre como eles podem ser abordados rapidamente”.
Além desse observador instalado na ISS, existem quase 30 satélites e outros equipamentos da NASA no espaço exercendo a função de rastrear gases nocivos a fim de mitigar os efeitos das mudanças climáticas, segundo Nelson. “O EMIT está provando ser um elemento crítico em nossa caixa de ferramentas para medir os gases de efeito estufa — e detê-los na fonte”.
Segundo a agência, a capacidade de rastrear metano foi uma espécie de “acidente feliz” do espectrômetro de imagem. “Acontece que o metano tem uma assinatura espectral na mesma faixa de comprimento de onda, e foi isso que permitiu ao instrumento ser sensível a esse gás”, disse o principal investigador do projeto, Robert Green, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA, em entrevista coletiva concedida na tarde de terça-feira (25).
Na conferência de imprensa, Green e outros membros da equipe deram alguns exemplos da sensibilidade do EMIT. O instrumento, por exemplo, detectou uma pluma de metano — também conhecido como gás natural — com pelo menos 4,8 km de comprimento no céu acima de um aterro no Irã, que está bombeando cerca de 8,5 toneladas de metano no ar a cada hora, segundo os pesquisadores.
Isso é muito, mas quase nada se comparado a um grupo de 12 superemissores vistos no vizinho Turcomenistão, todos associados à infraestrutura de petróleo e gás. Algumas dessas plumas têm até 32 km de comprimento, e, juntas, estão adicionando cerca de 50 toneladas de metano à atmosfera terrestre por hora.
Esse índice é comparável às taxas máximas do vazamento Aliso Canyon, um dos maiores emissores de metano na história dos EUA. O evento ocorreu em uma instalação de armazenamento desse gás no sul da Califórnia, que foi notado pela primeira vez em outubro de 2015 e permaneceu ativo até fevereiro de 2016.
Segundo a NASA, o EMIT fez todas essas detecções ainda durante a fase de calibração e condicionamento do instrumento. Isso quer dizer que ele deve fazer contribuições ainda maiores à medida que se torna totalmente operacional, e à medida que os cientistas foram ganhando mais familiaridade com suas capacidades.
“Estamos apenas arranhando a superfície do potencial do EMIT para mapear gases de efeito estufa”, disse Andrew Thorpe, tecnólogo de pesquisa do JPL, na coletiva de imprensa. “Estamos realmente entusiasmados com o potencial do instrumento para reduzir as emissões da atividade humana, identificando essas fontes”.
Fonte: Olhar Digital
Comentários