Um estudo apontou um fato curioso a respeito das árvores: elas apresentam enorme potencial de prever erupções solares, um fenômeno astrofísico até então imprevisível e que pode ser devastador.

Os cientistas da Universidade de Queensland, liderados pelo Dr. Benjamin Pope, aplicaram, no estudo, estatísticas de ponta aos dados de árvores milenares, para descobrir como esses vegetais atuam sobre a radiação emitida por essas “tempestades” solares, que acontecem uma vez a cada mil anos, e também são conhecidas como Eventos de Miyake.

De acordo com Pope, obter mais informações e descobrir maneiras de detectar esse fenômeno astrofísico ajudará a humanidade a se preparar para sua ocorrência, que pode ser catastrófica. “Se um desses [fenômenos] acontecesse hoje, destruiria tecnologia, incluindo satélites, cabos de internet, linhas de energia de longa distância e transformadores. O efeito sobre a infraestrutura global seria inimaginável”, alegou o pesquisador.

O estudante de matemática da instituição, Qingyuan Zhang, considerado o primeiro autor do estudo, foi o responsável pela criação do software utilizado para analisar todos os dados disponíveis sobre os anéis das árvores.

Imagem: Ejeção de massa coronal. Créditos: Miguel Claro

Zhang partiu do seguinte pressuposto: se é possível estimar a idade de uma árvore a partir de seus anéis, por que não tentar identificar eventos cósmicos que remontam a milhares de anos nessas estruturas? “Quando a radiação atinge a atmosfera, ela produz carbono radioativo-14, que se fixa em plantas, animais r no oceano, e acaba produzindo um registro anual de radiação em anéis de árvores”, apontou o estudante.

A partir dessas informações, a equipe modelou o ciclo global do carbono para reconstruir esse processo durante um período de 10.000 anos, e assim obter uma visão sobre a escala e a natureza dos Eventos Miyake. Até agora, a teoria aponta que esses eventos são erupções solares gigantes.

Em alguns casos as erupções solares podem continuar imprevisíveis

Entretanto, Zhang declarou que os resultados encontrados nas árvores “não estão correlacionados com a atividade das manchas solares, e alguns realmente duram um ou dois anos. Em vez de uma única explosão instantânea ou explosão, o que podemos estar olhando é uma espécie de ‘tempestade’ ou explosão astrofísica”, pontuou.

Pope alega que essa incerteza sobre os eventos astrofísicos e a possibilidade -nesse caso, a impossibilidade- de previsão é perturbadora. “Com base nos dados disponíveis, há cerca de 1% de chance de ver outro na próxima década. Mas não sabemos como prever ou quais danos isso pode causar. Essas chances são bastante alarmantes, e estabelecem as bases para novas pesquisas”, concluiu.

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!