Uma pesquisa inédita, encomendada pelo laboratório farmacêutico AstraZeneca e divulgada nesta quarta-feira (26), revelou o perfil do câncer de pulmão no Brasil. Os dados mostram que a maioria dos brasileiros desconhece a gravidade da doença: apenas 15% citaram a severidade da enfermidade, ante 24% do total na América Latina.

Outro dado alarmante é a quantidade de cigarros que os brasileiros fumam por dia: 39% fumam 11 ou mais cigarros diariamente (acima da média de 27% da América Latina), sendo que 17% fumam todos os dias e 25% ao menos três vezes por semana. O tabagismo (ativo ou passivo) está ligado a 80% dos casos da doença. 

A pesquisa mostrou ainda que 28% dos brasileiros fumam cigarro, abaixo da média de 38% da América Latina, mas fumam mais. Ou seja, não é o país com maior incidência de fumantes, mas tem a maior porcentagem de pessoas que fumam mais de 11 cigarros por dia.

Segundo a médica oncologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo, Suellen Nastri Castro, o dado é impactante.

“Apesar de ser menor a quantidade de fumantes do que na América Latina, ainda imaginava que tivéssemos porcentagem menor, já que existem outras pesquisas que mostraram que houve redução importante. E quase 30% das pessoas ainda fumam e, quando fumam, são mais de 11 cigarros. Isso é algo preocupante”, advertiu a médica. 

Para ela, o estresse pode ser a causa. “Atualmente, vivemos em um mundo onde todos estão ansiosos, estressados, trabalhando muito e o cigarro tem a questão de a pessoa fumar muito mais quando está nervosa. Outra questão é quanto ao estilo de vida atual das populações brasileira e mundial. Estamos no limite do estresse e isso faz com que as pessoas tenham menor preocupação com a saúde”, opinou a oncologista, que participou do lançamento da pesquisa em São Paulo/SP.  

O levantamento mostrou também que, no Brasil, 87% fazem ao menos uma visita preventiva por ano (check up geral). Com relação à atividade física, 56% fazem exercícios ao menos três vezes por semana. 

A amostra da pesquisa foi de 2.179 pessoas nos seguintes países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica e México. Foram entrevistadas pessoas com idades de 40 a 49 (61%), 50 a 59 (30%); 60 a 69 (8%) e 70 a 79 (1%).

Imagem: Skynesher/Istockphoto

Percepção sobre o câncer de pulmão

O câncer de pulmão é o mais fatal do Brasil, com quase 12 mortes por 100 mil habitantes, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). No mundo, a doença faz 1,8 milhão de vítimas por ano, sendo 86 mil mortes apenas nos países da América Latina. 

A presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida, Marlene Oliveira, defende a existência de campanhas de conscientização anuais para alertar sobre a prevenção e os sintomas da doença. 

“Precisamos ter campanhas mais efetivas, mas, para isso, é preciso ter vontade política, onde consigamos ter campanhas de prevenção permanentes no nosso País e não esperar só os meses ‘coloridos’ [como outubro rosa e novembro azul] para propagarmos a mensagem da informação de qualidade e a importância de as pessoas cuidarem de sua saúde. Com o câncer de pulmão, não é diferente.”

Fundado há 13 anos, o Instituto Lado a Lado pela Vida é a única organização social brasileira que se dedica simultaneamente às duas principais causas da mortalidade – o câncer e as doenças cardiovasculares – além do intenso trabalho relacionado à saúde do homem.

Dados

Em relação aos fatores de risco não relacionados ao tabagismo, o conhecimento é baixo: apenas 8% citaram sedentarismo; outros 8% citaram fatores genéticos e hereditariedade; 4% citaram exposição a agentes químicos e 5% sequer souberam citar um fator de risco.

Embora o tabagismo esteja ligado a 80% dos casos, sendo assim o principal fator de risco, ele não foi citado por 23% dos respondentes brasileiros e 25% dos latinoamericanos.

O conhecimento sobre sintomas também é baixo: 55% citaram problemas respiratórios (dificuldade de respirar, falta de ar, dispneia etc.); 42% citaram problemas pulmonares (tosse, tosse seca, tosse recorrente etc.); 17% citaram diferentes tipos de dor (ao respirar, no peito, nas costas); 15% citaram fadiga e 3% citaram perda de peso.

Via Agência Brasil

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