No Rio de Janeiro, pesquisadores encontraram uma agulha no palheiro – ou quase isso. Em meio à imensidão da Mata Atlântica em Nova Friburgo, município do centro fluminense, ecólogos descobriram uma nova espécie de sapo do tamanho de uma moeda de um centavo.
Batizado cientificamente de Brachycephalus clarissae, em homenagem à pesquisadora e professora da instituição, Clarissa Canedo, especialista em anfíbios brasileiros, o sapinho recebeu o apelido popular de pingo-de-ouro-clarissa. Suas cores diferentes chamaram a atenção dos pesquisadores.
“Ele tem a barriga amarela, manchas avermelhadas pelo corpo e uma marca em forma de ‘X’ nas costas”, revela o pesquisador José Pombal Jr, curador de anfíbios do Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um dos autores do estudo que descreve a nova espécie, publicado na revistaIchthyology & Herpetology.
Os pequenos anfíbios popularmente conhecidos como pingo-de-ouro, sapo-pulga ou sapo-abóbora vivem na Mata Atlântica da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira. Muitos deles são bem coloridos, sinalizando a presença de uma neurotoxina incrivelmente potente em sua pele, que é fatal para seus predadores.
Durante um estudo ecológico mais abrangente desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) na região de Nova Friburgo, foram encontrados os primeiros exemplares dessa nova espécie, que é a 38ª do gênero Brachycephalus.
Segundo os cientistas, o pingo-de-ouro-clarissa não passa pela fase larval (girino), como a maioria dos sapos existentes no mundo. “Ele já nasce assim, como um sapinho miniatura, e chega a medir até 9,6 mm, nos caso dos machos, e quase 11 mm, as fêmeas”, disse Pombal Jr. em entrevista ao G1. “Inclusive, a anatomia desses minúsculos bichinhos desafia a ciência, e temos buscado entender um pouco mais sobre o motivo de eles terem esse tamanho”.
Ele destaca que os cientistas se preocupam com a preservação dessa nova espécie e de outras da mesma região. “Precisamos ter uma ideia sobre quais são as espécies e onde estão para definir as áreas prioritárias de conservação. Perder uma população qualquer desses pequenos sapos possivelmente significaria a extinção completa da espécie, o que é bastante grave. Nosso intuito é justamente evitar que isso aconteça”.
Para chegar à conclusão de que se tratava de uma nova espécie, a equipe investigou a morfologia externa do anfíbio e fez a análise molecular e osteologia do animal.
Fonte: Olhar Digital
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