Ela mergulhou para a morte na atmosfera de Saturno em 2017, após trabalhar por 13 anos investigando o gigante gasoso. Mas, antes disso, a sonda Cassini, da NASA, obteve uma extensa variedade de dados sobre o planeta, que podem trazer respostas sobre a origem de sua característica mais marcante: os famosos anéis.

Acima, a sonda Cassini, que foi lançada em 1997 e chegou à órbita de Saturno em 2004, mergulhando para a morte na atmosfera do gigante gasoso, em 2017. Imagem: NASA

Cientistas do Instituto de Pesquisa do Sudoeste (SwRI), nos EUA, criaram uma nova imagem composta do segundo maior planeta do Sistema Solar, compreendendo 41 observações da extinta missão. O resultado foi publicado esta semana em um artigo na revista Ícaro, que descreve o estudo.

De acordo com o site Space.com, a equipe planeja usar essa imagem para investigar a fundo os anéis de Saturno, cujas origens permanecem um mistério. Mesmo com as observações detalhadas da espaçonave Cassini sobre o planeta, os astrônomos ainda sabem muito pouco sobre como sua marca registrada ganhou forma.

Foram combinadas 41 observações da sonda Cassini para criar esta imagem dos anéis de Saturno. Créditos: NASA/JPL-Caltech/SSI/Cornell

“Evidências indicam que os anéis são relativamente jovens e poderiam ter se formado a partir da destruição de um satélite gelado ou de um cometa“, disse a pesquisadora da SwRI Stephanie Jarmak, em um comunicado. “No entanto, para apoiar qualquer teoria de origem, precisamos ter uma boa ideia do tamanho das partículas que compõem os anéis”.

Segundo ela, todas as 41 capturas foram tomadas durante ocultações solares, que ocorrem quando um planeta passa entre um observador — a sonda Cassini, no caso — e o Sol.

Usando seu Espectrógrafo de Imagem Ultravioleta (UVIS), o equipamento fez inúmeras imagens retroiluminadas altamente detalhadas dos anéis. Como as minúsculas partículas que compõem essas estruturas bloqueiam a luz do Sol, os cientistas podem medir sua profundidade óptica (um indicador de como determinado material absorve a luz), e usá-la para determinar o tamanho e a composição dessas partículas.

“Dado o comprimento de onda da luz proveniente do Sol, essas observações nos deram uma visão do menor tamanho de partículas dos anéis de Saturno”, disse Stephanie. “O UVIS pode detectar partículas de poeira no nível do mícron, ajudando-nos a entender a origem, a atividade de colisão e a destruição das partículas dos anéis dentro do sistema”.

Qualquer informação obtida a partir dessa nova imagem composta de Saturno poderia não apenas ajudar a descobrir as origens de seus anéis, como também ensinar mais os pesquisadores sobre as propriedades físicas do nosso Sistema Solar.

“Acredita-se que essas partículas resultem de objetos colidindo e se formando em um disco e construindo partículas maiores”, disse a líder do estudo. “Entendendo como eles se formam, esses sistemas de anéis podem nos ajudar a entender também como os planetas se construíram”.