Um asteroide “assassino de planetas” que está escondido no brilho do Sol foi finalmente detectado, e a rocha espacial gigante pode colidir com a Terra um dia.

O objeto “potencialmente perigoso” de 1,5 km de largura, chamado de 2022 AP7, é uma das várias grandes rochas espaciais que os astrônomos descobriram recentemente perto das órbitas da Terra e de Vênus.

Atualmente, o 2022 AP7 cruza a órbita da Terra enquanto nosso planeta está do lado oposto do Sol, mas os cientistas dizem que ao longo de milhares de anos, o asteroide e a Terra começarão lentamente a cruzar o mesmo ponto mais próximos, aumentando assim as chances de um catastrófico impacto.

O asteroide, descoberto ao lado de outros dois próximos da Terra pelo Observatório Interamericano Cerro Tololo, no Chile, foi descrito em estudo publicado em 29 de setembro no The Astronomical Journal.

“Até agora, encontramos dois grandes asteroides próximos da Terra com cerca de 1 km de diâmetro, um tamanho que chamamos de ‘assassinos de planetas’”, disse o principal autor do estudo, Scott Sheppard, astrônomo da Carnegie Institution for Science em Washington, D.C., USA, em comunicado.

Asteroides “assassinos de planetas” são rochas espaciais que são grandes o suficiente para causar um evento global de extinção em massa se colidirem com a Terra.

Para encontrar os asteroides, os astrônomos treinaram a Dark Energy Camera do Telescópio Cerro Tololo Víctor M. Blanco de 4 metros no interior do sistema solar.

O brilho do sol torna as observações impossíveis durante a maior parte do dia, então os pesquisadores tiveram apenas duas janelas de dez minutos de crepúsculo a cada noite para fazer suas observações.

“Apenas cerca de 25 asteroides com órbitas completamente dentro da órbita da Terra foram descobertos até hoje devido à dificuldade de observar perto do brilho do Sol”, disse Sheppard. “Provavelmente existem apenas alguns asteroides próximos da Terra com tamanhos semelhantes para encontrar, e esses grandes asteroides não descobertos provavelmente têm órbitas que os mantêm no interior das órbitas da Terra e Vênus na maior parte do tempo.”

A NASA rastreia as localizações e órbitas de cerca de 28 mil asteroides, seguindo-os com o Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System (ATLAS), conjunto de quatro telescópios que podem realizar varredura de todo o céu noturno a cada 24 horas.

A agência espacial sinaliza qualquer objeto espacial que chegue a 193 milhões de km da Terra como “objeto próximo à Terra” e classifica qualquer corpo grande dentro de 7,5 milhões de km do nosso planeta como “potencialmente perigoso”.

Desde que o ATLAS foi colocado online em 2017, ele detectou mais de 700 asteroides próximos da Terra e 66 cometas.

Dois dos asteroides detectados pelo ATLAS, 2019 MO e 2018 LA, atingiram a Terra, o primeiro explodindo na costa sul de Porto Rico e o segundo caindo perto da fronteira de Botsuana e África do Sul. Felizmente, esses asteroides eram pequenos e não causaram nenhum dano.

A NASA estimou as trajetórias de todos os objetos próximos da Terra para além do final do século. A Terra não enfrenta nenhum perigo conhecido de uma colisão apocalíptica de asteroides pelo menos nos próximos 100 anos, de acordo com a NASA.

Mas isso não significa que os astrônomos pensem que devam parar de procurar. Em março de 2021, por exemplo, um meteoro do tamanho de uma bola de boliche explodiu sobre Vermont com a força de 200 quilos de TNT.

Ainda mais dramaticamente, uma explosão de um meteoro em 2013 acima de Chelyabinsk, na Rússia, gerou explosão aproximadamente igual a cerca de 400 a 500 quilotons de TNT, ou 26 a 33 vezes a energia liberada pela bomba de Hiroshima, ferindo cerca de 1,5 mil pessoas.

Agências espaciais em todo o mundo já estão trabalhando em possíveis maneiras de desviar um asteroide perigoso, caso algum venha em nossa direção. Em 26 de setembro, a espaçonave DART, da NASA redirecionou o asteroide não perigoso Dimorphos empurrando-o para fora do curso, alterando a órbita do asteroide em 32 minutos no primeiro teste do sistema de defesa planetário da Terra.

A China também sugeriu que está nos estágios iniciais de planejamento de uma missão de redirecionamento de asteroides. Ao lançar 23 foguetes Longa Marcha 5 no asteroide Bennu, que oscilará a 7,4 milhões de quilômetros da órbita da Terra entre os anos 2175 e 2199, o país espera desviar a rocha espacial de um impacto potencialmente catastrófico com nosso planeta.

Com informações de Live Science

Imagem destacada: Vadim Sadovski/Shutterstock