O Globo de Ouro voltará a ter sua cerimônia transmitida em 2023, após ficar fora do ar em 2022. Mesmo assim, o ator Brendan Fraser, um dos grandes nomes deste ciclo de premiações, não estará presente para a noite de gala em que os prêmios da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA) serão entregues.
Em 2021, o Los Angeles Times expôs a HFPA, ao provar que a associação não contava com nenhum jornalista negro entre seus 87 membros, o que levou a diversas outras acusações. Por mais que o Globo de Ouro retorne à TV no próximo ano, em um acordo de um ano com a NBC, o candidato ao prêmio de Melhor Ator por “The Whale” Brendan Fraser, já confirmou sua ausência na premiação que antecede o Oscar.
“Tenho mais história com a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood do que respeito pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood”, disse Fraser em uma reportagem de capa revista GQ. “Não, não vou participar”, afirmou ele sobre uma possível ida à cerimônia do Globo de Ouro.
Fraser acrescentou: “É por causa da história que tenho com eles. E minha mãe não criou um hipócrita. Você pode me chamar de muitas coisas, mas não disso.”
A fala contundente do ator, bem como suas palavras fortes em relação à HFPA não são em vão. Em 2018, Fraser acusou Philip Berk, ex-presidente e membro HFPA, de ter apalpado e agredido o ator durante um almoço em 2003. Fraser revelou que “ainda estava com medo” das repercussões de vir a frente e fazer a acusação.
No momento de ir a público, o HFPA propôs que Fraser assinasse uma declaração conjunta dizendo que “embora tenha sido concluído que o Sr. Berk tocou inadequadamente o Sr. Fraser, as evidências apoiam que a intenção era que isso fosse interpretado como uma piada e não como um avanço sexual.”
Fraser se recusou a assinar a declaração conjunta e Berk não enfrentou ação disciplinar, permanecendo como membro votante do HFPA até ser demitido da organização em abril de 2021, por outros motivos.
“Eu sabia que eles iriam chutar [isso para frente]. Eu sabia que eles iriam adiantar a história. Eu sabia que certamente não tinha futuro com aquele sistema como era… Acho que era porque era muito espinhoso, afiado ou nojento para as pessoas quererem ir primeiro e investir emocionalmente na situação”, disse Fraser sobre fazer a acusação.
Quanto às reformas relatadas do HFPA em suas práticas de adesão e votação, Fraser disse que “no momento, não”, ele não acredita que haja progresso. “Talvez o tempo diga se eles vão… não sei o que eles vão fazer. Não sei”, continuou.
Se o HFPA tivesse entrado em contato após as alegações de Fraser no movimento #MeToo, “de acordo com as regras de engajamento, seria minha responsabilidade dar uma olhada e tomar uma decisão naquele momento, se essa fosse a situação”, disse Fraser. “E teria que ser, sei lá, qual é a palavra que procuro… sincero? Eu gostaria de algum gesto de fazer remédio com veneno de alguma forma. Eu não sei o que é isso. Mas essa seria a minha esperança. Mas não é sobre mim.”
Fonte: Olhar Digital
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