Escolhi o título deste artigo não à toa. A palavra de ordem quando se fala em Saúde digital é priorizar a jornada do paciente. Mas, antes de adentrar nos principais pilares que acredito que não podem faltar nesse processo, queria antes fazer uma breve elucidação sobre a importância de entender no que consiste a tão falada “jornada do paciente”.

A jornada do paciente pode, em muitos contextos, sugerir um procedimento com começo, meio e fim. Pensando em um indivíduo, ele pode ter dado entrada em um hospital, foi atendido, diagnosticado, medicado e pronto.

Mas este deveria ser apenas o começo do que seria a verdadeira jornada do paciente: um caminho onde ele pode, claro, ser atendido quando necessário, mas que ele tenha um acompanhamento anterior e posterior à sua ida até a unidade de saúde e, principalmente, um ecossistema que possibilite um monitoramento ativo e permanente, para que a saúde possa permanecer e não perecer.

Na MV, são cerca de 20 anos em que nosso foco principal é justamente na linha assistencial, com um trabalho forte em trazer tecnologia de impacto positivo tanto para o trabalho de médicos e demais players que possam se envolver nesse processo assistencial, como também para o paciente — afinal, se conseguimos implementar maneiras de trazer maior assertividade e autonomia para profissionais da Saúde, isso se reflete diretamente na qualidade e amparo assistencial.

Dito isso, posso dizer com propriedade que todos estes anos, fornecendo suporte tecnológico para a área assistencial, nos permitiu construir um olhar ímpar sobre a jornada do paciente. Como consequência, também nos permitiu visualizar com clareza os tais pontos cruciais que mencionei no início do texto e os quais considero essenciais para a priorização da jornada do paciente.

Mobilidade para pavimentar o caminho

O paciente é também responsável pela sua própria saúde. Essa é uma tecla que batemos e acredito que outros profissionais da área corroboram com essa visão. Assim, chegamos à conclusão de que quanto mais próximas estiverem as informações do próprio paciente, maior será a garantia do seu engajamento. Como proporcionar essa proximidade? Por meio de aplicativos.

Sabe-se que temos, atualmente, 152 milhões de brasileiros usuários de Internet, ou o equivalente a 81% da população acima dos 10 anos, segundo dados da última pesquisa TIC Domicílios, desenvolvida anualmente pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil e divulgada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

Do total de entrevistados, 99.4% utilizam a internet pelo celular, sendo 64,1% deles de uso exclusivo. Ou seja, podemos dizer que o caminho que abraçaria mais pessoas e fácil para tornar o paciente mais próximo da sua saúde seria por aplicativos móveis.

Integração e interoperabilidade para dar continuidade à assistência

Considerando que o indivíduo já estaria com as informações na palma das mãos, ele poderia facilmente entrar em contato com uma clínica, agendar consultas no mesmo momento em que sentir que algo não vai bem, ou até ser atendido via telemedicina, podendo receber prescrições médicas e outras notificações importantes também via app, por exemplo.

Tais recursos permitem endereçar os primeiros passos da jornada, mas também proporcionam maneiras d​​e acompanhar o indivíduo ao longo dela, seja pelo médico ou mesmo por operadoras, a fim de garantir uma ponte rápida entre instituições de saúde e pacientes em prol de uma saúde mais preventiva.

Dia Nacional da Saúde
Imagem: SewCream/shutterstock

Isso se converte em um alento para médicos que recorrentemente têm de lidar com pacientes que se automedicaram por meio de buscas na internet e também uma segurança para a própria pessoa, que em vez de pesquisar na internet, pode ir direto à uma fonte segura.

Se pensarmos na Saúde digital completamente integrada, o paciente, inclusive, poderia até mesmo sair de uma consulta e passar em uma farmácia que já está com o sistema integrado ao do hospital e, portanto, sabe as medicações corretas para que o paciente saia do local sem sequer precisar se preocupar com o passo da compra — o que também poupa tempo e reduz possíveis erros na compra de medicamentos.

Isso é, especialmente, verdade se considerarmos um compartilhamento geral de dados. Sei que isso é um desafio hoje e diria que é até inimaginável hospitais partilhando dados entre si, contudo a falta dessa integração na prática, resulta em exames duplicados, tempo e recursos perdidos — um custo alto para o sistema de saúde.

Com sistemas integrados, tecnologias preparadas para interoperar e informações do paciente compartilhadas de forma segura (considerando a Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD) entre ele próprio e as instituições de saúde, eu diria que esta é uma fortaleza que se ergue em prol da transparência, da segurança do paciente e, também, da continuidade à assistência médica.

É um ganha-ganha para todos os envolvidos: desonera o sistema em termos financeiros e também de recursos físicos — seja infraestrutura ou mesmo insumos para exames. Traz transparência para o paciente, que sabe o que estão fazendo com seus dados e tampouco precisa perder tempo com exames e procedimentos duplicados e desnecessários. Até mesmo as operadoras podem se beneficiar, ofertando planos de saúde mais em conta, personalizados para a necessidade do paciente.

Análise de dados em favor da saúde

Por fim, temos também o pilar da coleta e análise de dados — uma forma que a tecnologia proporciona para trazer insights a partir do monitoramento da saúde do paciente de forma recorrente e contínua. Isso vale também para pacientes que são de longa permanência, ou seja, aqueles que necessitam de acompanhamento o tempo todo, sem cessar.

Com as ferramentas corretas e o foco na saúde, conseguimos ampliar o monitoramento e realizar a entrega de uma jornada verdadeiramente conectada, que proporciona um acompanhamento holístico e longevo da saúde das pessoas, ao passo que trazemos mais conforto e facilidade para o dia a dia do paciente. Não é difícil imaginarmos: essa é a Saúde digital que queremos. Se continuarmos a converter esforços, estou certo de que ela chegará para cada vez mais pessoas em menos tempo, gerando mais segurança, agilidade e melhor experiência no atendimento.

Por Andrey Abreu, diretor corporativo de tecnologia na MV