Conhecer, de fato, o consumidor não é tarefa simples. Cada vez mais desafiador e competitivo, o consumo pede compreensão profunda sobre os contextos sociais, familiares e culturais, além dos desejos e das demandas.
O estudo de comportamento deve extrapolar os aspectos racionais e literais para que possamos nos conectar com cada uma das pessoas que investigamos. Precisamos abrir o coração e a cabeça. Nem só um, nem só outro. Afinal, estudar comportamento de consumo é muito mais sobre pessoas do que sobre marcas.
Por isso, listo aqui seis dicas extremamente valiosas:
Os consumidores são antes de tudo seres humanos
Por trás de cada consumidor, existe um ser humano que vivencia determinados contextos familiares, sociais e culturais. Uma pessoa que tem várias histórias, dores, lutas diárias e vários traumas. Existe um ser humano que sente, emociona-se e representa inúmeros universos. Antes de enxergá-los como consumidores, precisamos enxergá-los como pessoas.
Sem curiosidade não há proximidade
Só conseguimos nos aproximar de alguém se pudermos nos conectar de forma curiosa e não julgadora. Ouvir, olhar e perceber com curiosidade o ser humano e tudo que o envolve. Abrir espaço em vez de fechar.
As pessoas se contradizem e isso é normal
Os “consumidores” são seres humanos assim como nós. Tendo isso em vista, é importante lembrar que contradições fazem parte da nossa estrutura psíquica e emocional. As contradições são inerentes a nós, por isso há um processo de análise para cada estudo. Não podemos levar tudo ao pé da letra. As contradições são importantes e revelam muito sobre comportamento.
Hipóteses são apenas hipóteses
As hipóteses a respeito do tema ou do público ajudam a direcionar o olhar da investigação para alguns caminhos. Mas ainda assim são apenas hipóteses. Se for o caso, é importante “quebrá-las” ao longo do campo. Hipótese não dita comportamento, apenas aguça o olhar.
A linguagem falada não dá conta de tudo: o subjetivo é valioso
Nem sempre conseguimos expressar tudo o que sentimos por meio da fala. Gestos, expressões e olhares, por exemplo, também dizem muito sobre o que estamos sentindo. Por isso, é importante que, durante o processo de pesquisa, possamos enxergar além do que simplesmente ouvimos ou vemos. O subjetivo é poderoso.
Só é possível compreender e se conectar com pessoas se pudermos nos despir dos julgamentos e padrões individuais
Cada um de nós carrega bagagens complexas e que muitas vezes envolvem estruturas rígidas. No entanto, para que nos conectemos com o outro, é importante suavizá-las e, então, abrir espaço para que o outro se aproxime (e vice-versa). Sem espaço, não há conexão possível.
Julia Ades é fundadora e head de pesquisa e conteúdo da Apoema
Fonte: Olhar Digital
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