Num clima intimista e de boa música autoral sul-mato-grossense, o Som da Concha do último domingo, 20 de novembro, trouxe ao público a polca rock e música com uma pegada regional do cantor e compositor Franke e canções com letras que falam sobre saudade, recomeço e amor, da artista luso-brasileira Renata Sena.
Em sua primeira vez tocando no Som da Concha, Franke revelou ter uma expectativa muito grande, que se materializou num público acolhedor, bem engajado no show. “A gente sempre tem uma expectativa da primeira vez, como é que vai ser, e a gente produziu um show bem legal para que a gente pudesse, também, aproveitar as pessoas que viessem aqui assistir a gente, ver o nosso show. E eu senti a galera muito próxima, o público bem acolhedor, prestava atenção no show, escutava as músicas, aplaudia, sabia dos momentos que podia aplaudir, eu senti o público muito engajado, eu gostei, apesar de nunca ter tocado aqui, eu senti o público bem engajado no show”.
Ele conta que seu primeiro contato com a música foi aos oito anos, aprendendo a tocar bateria. “Eu tinha oito anos… Isso é muito estranho, na verdade, porque o meu avô faleceu no dia em que eu comecei a tocar bateria. Meu tio começou a me ensinar, então aos oito anos eu tive o interesse pela música através da bateria. Mas aos 12 eu comecei a me interessar pelo violão, o pai do meu amigo tocava, eu achava legal, e eu queria aprender. E numa determinada tarde eu pedi para ele me ensinar três acordes, e com esses três acordes eu toquei várias músicas durante três, quatro anos da minha vida”.
Sobre o mercado da música autoral em Mato Grosso do Sul, o artista diz que ainda precisa de muito incentivo. “A gente tem uma questão aí de muitos anos com a identidade do Estado, e isso também passa pelo mercado autoral. O que vai alavancar este mercado autoral é a descoberta da identidade, da identificação das pessoas, e muito trabalho. Hoje no nosso Estado a gente tem muito artista bom, que está trabalhando, mas a gente ainda para na questão do planejamento, de saber como funciona até o mercado nacional da música, de saber as estratégias certas de lançar uma música e poder romper a bolha de Mato Grosso do Sul. Mas eu creio que o Estado é um lugar que está evoluindo bastante e eu acredito, aí, que nos próximos anos a gente vai ter um mercado muito mais incentivador da música autoral aqui no Estado”.
Franke optou pela música regional, mais especificamente pelo estilo polca rock, para se expressar enquanto músico, mas já passou pelo pop rock e música sertaneja no início da carreira. “Quando eu comecei a tocar violão, me ensinaram muito mais o pop rock nacional e a minha mãe, meus familiares escutavam muito o pop rock nacional. Só que depois, já na adolescência, começou a rolar muita música sertaneja, foi a época do boom do sertanejo universitário aqui em Mato Grosso do Sul, com João Bosco e Vinícius, Maria Cecília e Rodolfo… Então, durante esta época eu comecei a me interessar por esta música mais sertaneja, apesar de ser um sertanejo universitário. E depois de alguns anos, já adulto, eu descobri a música regional através do Filho dos Livres, e depois descobri o Jerry Espíndola, descobri também uma artista que hoje é uma amiga muito querida, que é a Ju Souc, e ela me incentivou muito, e desde então eu escolhi a música regional, a polca rock, para poder expressar as minhas ideias. Eu venho de uma geração um pouco mais nova, e a polca rock é um estilo que não teve uma continuidade no decorrer do tempo desde quando ela surgiu, enquanto ideia, enquanto movimento, e eu decidi abraçar essa ideia para expressar a minha arte”.
Logo depois, vestindo um traje vermelho deslumbrante, subiu ao palco a artista luso-brasileira Renata Sena, com o show “Entre dois mundos”. Seu show, bastante intimista, foi uma experiência lúdica e repleta de emoções, em que o público pôde conferir as nuances de uma voz maviosa e suave. “Eu, com 16 anos, fui morar no Rio de Janeiro, e depois vim morar em Mato Grosso do Sul em 2014. Aí por motivos familiares, eu tinha um avô pernambucano que morava aqui, a gente veio cuidar dele, e aí a gente acabou ficando porque era mais seguro para estudar do que o Rio de Janeiro naquela etapa da vida. Daí morei aqui, comecei a trabalhar com música, fui Miss do Estado, depois representei o país fora, então Mato Grosso do Sul chegou muito por acaso, mas me recebeu de braços abertos. E daí em 2018 voltei para Portugal, peguei o período pandêmico, e retornei para cá com o objetivo de gravar meu trabalho, de investir na carreira musical e aqui estou, nesta terra morena quente, mas com boas pessoas”.
“Sempre que eu me apresento, mostro as músicas, as pessoas se tocam bastante, gostam bastante. Eu ainda estou no início de jornada, de carreira, então eu acredito que muita coisa ainda vai acontecer, mas a receptividade é boa, das pessoas em geral”.
Sobre a energia do show na Concha Acústica Helena Meirelles, Renata disse que há uns três dias atrás começou a ficar muito nervosa. “Nem dormia. Mas curiosamente eu não estava me sentindo nervosa no palco. Acho que foi um pré-nervosismo. E foi muito bom olhar as carinhas de umas pessoas que eu conheço, que estão comigo, e foi muito gostoso, foi uma experiência muito boa”.
E no próximo domingo vai ter o último Som da Concha de 2012, com Anarandá e Ivan Cruz, a partir das 18 horas. A entrada, como sempre, é franca. A Concha Acústica Helena Meirelles fica no Parque das Nações Indígenas.
Texto e fotos: Karina Lima – FCMS
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