A Copa do Mundo do Catar tem sido considerada uma competição desbravadora, que está derrubando antigas barreiras. Afinal, pela primeira vez o Mundial acontece em um país árabe. Pela primeira vez acontece no fim do ano, que é o meio da temporada europeia, e fim da temporada brasileira. E pela primeira vez a fase de grupos terá quatro jogos por dia. Mas além de todas essas novidades, o Catar pode representar também a quebra de diversos tabus que já duram um bom tempo.
O primeiro deles tem relação com os cabeças-de-chave. Desde 1954, todos os campeões mundiais são equipes que ocupavam as posições 1 de cada grupo. Mas a Copa do Mundo 2022 pode quebrar esse paradigma, uma vez que potências como Alemanha e Holanda ocupam as posições E3 e A4, respectivamente. E seleções promissoras, como a Croácia e a Dinamarca, estão no F4 e D3. Não é absurdo pensar que uma delas pode levantar a taça em dezembro. A Alemanha é tetracampeã. A Croácia bateu na trave em 2018. A Holanda foi vice três vezes. E a Dinamarca é o mais próximo de uma zebra loira que podemos encontrar.
Outro tabu, esse já com 20 anos de duração, é o continente do campeão. As quatro últimas edições foram vencidas por europeus, desequilibrando uma disputa acirrada que perdurou até 2002, ano da última conquista brasileira. De lá para cá, só a Argentina chegou uma vez, e perdeu. Tecnicamente, não há razão para brasileiros, argentinos e até uruguaios não ganharem. Os jogadores dessas seleções brilham nos principais clubes do mundo. Será que Neymar, Messi ou Suárez levantarão, finalmente, a taça?
E um tabu maior ainda é ter um campeão que venha de outro continente que não seja Europa ou Américas do Sul. Isso nunca aconteceu, mas há times que, se não são favoritos, são boas apostas para serem a zebra das arábias. O México, os asiáticos como Japão ou Coreia, ou os africanos como Gana ou Senegal. Antes do torneio começar pode parecer absurdo pensar em um desses times campeão. Mas alguém apostava na Croácia disputando a final de 2018?
Um tabu que certamente cairá é o da arbitragem feminina na Copa. Pela primeira vez, a Fifa selecionou seis mulheres (três árbitras e três assistentes) para o quadro de arbitragem da Copa. Elas serão escaladas e, dependendo do desempenho, o Catar pode testemunhar a primeira final de Mundial com arbitragem feminina.
E para quem gosta de se ater aos detalhes, há outro tabu de 20 anos que pode cair no Catar: a cor da camisa campeã. Desde que o Brasil venceu com sua amarelinha, no Japão, todos os campeões do mundo usavam camisas azuis ou brancas. Itália, Alemanha, França… A Espanha, campeã de 2010, costumava jogar de vermelho, mas, na final, estava com o uniforme nº 2, na cor azul. Curioso é que, mesmo com vitória do Brasil ou da Argentina, o tabu pode se manter – o segundo uniforme de ambas as equipes é azul.
Talvez o tabu mais persistente seja o de número de gols em uma edição da Copa. O recorde pertence ao francês Just Fontaine que marcou impressionantes 13 gols em 1958, jogando apenas 6 partidas. Para se ter uma ideia, desde os anos 70 ninguém anotou mais de seis tentos em um Mundial.
Se, porém, olharmos para o total de gols em Copas, considerando várias edições, o recordista é o alemão Miroslav Klose, com 16, seguido de Ronaldo Fenômeno, com 15. Mas como nenhum jogador em atividade aparece entre os primeiros desta lista, é bem provável que seja mais um tabu que sobreviverá ao Catar. Thomas Müller, com 10 gols, seria o mais próximo disto.
Números, fatos e estatísticas sempre rendem boas conversas antes dos jogos da Copa. Porém, como dizem os boleiros, tabus foram feitos para serem quebrados. E certamente alguns serão, nesta edição do torneio. Mas pergunte a qualquer brasileiro, e ele lhe dirá qual o único tabu que quer ver quebrado no Catar: aquele que diz que nenhuma seleção venceu o mundial seis vezes.
Fonte: Ogol
Comentários