Um eclipse solar ocorre quando a Lua desliza entre a Terra e o Sol lançando uma sombra no planeta e bloqueando total ou parcialmente a luz solar. Existem três tipos mais conhecidos desse fenômeno: parcial, anular e total. Mais raro, no entanto, um quarto padrão, chamado eclipse solar híbrido, sem dúvida é o mais intrigante, espetacular e interessante deles – e o próximo será no ano que vem.

Fotos do eclipse parcial ocorrido em abril deste ano. À esquerda, uma captura feita por Juano Martinez, no Chile. À direita, outra imagem feita no Chile, pelo fotógrafo Daniel Correa. Reprodução Instagram.

O eclipse parcial é o tipo mais comum (e também o menos impressionante), que acontece quando apenas uma parte do Sol é encoberta pela Lua. Nesse caso, praticamente não há alteração da luminosidade do dia. 

Em relação ao eclipse anular, o fenômeno acontece quando a Lua cobre o centro do Sol, mas deixa um círculo de luz visível em seu entorno. É popularmente conhecido como “anel de fogo”. 

E o eclipse total do Sol se caracteriza quando todo o disco solar é bloqueado pela Lua, fazendo o dia escurecer por completo.

Imagine agora uma mistura de todos eles. É meio isso que define o eclipse híbrido, que combina um eclipse anular visto de alguns pontos da Terra e um eclipse total a partir de outros, a depender do horário do dia.

Eclipses solares híbridos ocorrem quando a distância da Lua está perto de seu limite para a sombra umbral atingir a Terra, a depender do grau de inclinação da órbita lunar, haja vista que ambos os corpos são curvos. 

Nesse ponto, a Lua está à distância exata da Terra para que o ápice de sua sombra em forma de cone esteja ligeiramente acima da superfície terrestre no início e no final do percurso do eclipse, fazendo com que a sombra antumbral da lua se mova através da Terra, causando um eclipse anular. 

No entanto, no meio do caminho do eclipse, o ápice da sombra umbral da Lua atinge a superfície da Terra, porque essa parte do planeta está um pouco mais próxima dela.

Cada um dos três tipos de eclipse do Sol é causado pela Lua bloqueando a luz de diferentes partes do astro. Imagem: Wikimedia Cmglee

Esse diagrama de um eclipse híbrido acima mostra como a distância entre a Lua e a Terra determina a sombra projetada na superfície do planeta, desde a penumbra fraca de um eclipse parcial do Sol até a umbra profunda e escura da totalidade e a antumbra – uma espécie de “meia-sombra” – da anularidade.

Quando acontece o próximo eclipse solar híbrido?

Segundo o site Space.com, o próximo eclipse solar híbrido ocorrerá em 20 de abril de 2023 no hemisfério sul. Ele fará a transição de anular para total e o movimento inverso em somente dois locais muito remotos no mar.

Assim, na prática, o fenômeno será exclusivamente experimentado como um eclipse total da Península de Exmouth, na Austrália Ocidental (até 1 minuto), Timor-Leste (1 minuto e 14 segundos) e Papua Ocidental (1 minuto e 9 segundos). Pouco antes e logo após a totalidade, uma grande exibição das “contas de Baily” será visível.

Nomeadas em referência ao astrônomo inglês Francis Baily, que as observou pela primeira vez no início de 1800, as contas de Baily são os últimos raios de luz solar que podem ser vistos fluindo através dos vales da Lua pouco antes da totalidade e no fim do processo. 

Durante um eclipse solar híbrido, as exibições das contas de Baily são mais longas porque a Lua está quase precisamente do mesmo tamanho aparente que o Sol.

O híbrido é o tipo mais raro de eclipses solares. Entre todas as ocorrências do século 21, apenas 3,1% foram dessa classe. Créditos: APOD NASA / Esquerda: Fred Espenak – Direita: Stephan Heinsius

Acontecem entre dois e cinco eclipses solares a cada ano. Durante todo o século 21, apenas 3,1% (7 de 224) dos eclipses foram híbridos. 

O eclipse híbrido mais recente aconteceu em 3 de novembro de 2013, sendo visível como um eclipse total na África Central, incluindo o norte do Quênia, Uganda e República Democrática do Congo. Na ocasião, navios de cruzeiro no meio do Oceano Atlântico também experimentaram totalidade, por até um minuto.

Os eclipses solares híbridos também são chamados de anulares-totais, “frisados” ou eclipses anulares “quebrados”, com as duas últimas nomenclaturas fazendo referência às exibições particularmente longas das contas de Baily.

Como a Lua parece passar diretamente na frente do Sol, os eclipses solares híbridos são classificados como eclipses solares “centrais” – assim como os eclipses solares totais e anulares – para diferenciá-los dos parciais.