A exposição “Múmias de Ouro do Egito”, que acontecerá no Museu de Manchester, na Inglaterra, em 2023, promete refutar muitas crenças comuns que pairam no imaginário popular sobre tradições, hábitos e costumes do Egito Antigo. A mumificação também entrou nessa seara de questionamentos. Inicialmente, acreditava-se que essa prática dos egípcios antigos era utilizada apenas como uma maneira de preservar um corpo após a morte. Porém, a nova exposição mostra que, na verdade, essa técnica de sepultamento era feita com o objetivo de guiar o falecido em direção à divindade.
Em entrevista ao Live Science, o curador do museu do Egito e do Sudão, Campbell Price, declarou que essa nova compreensão sobre o propósito pretendido da mumificação “é um grande 180”, pois altera muito aquilo que é ensinado aos alunos sobre múmias.
Segundo Price, o equívoco sobre a mumificação surgiu quando pesquisadores vitorianos do ocidente determinaram erroneamente que os antigos egípcios estavam preservando os mortos assim como se preservava os peixes. Essa ligação surgiu porque tanto o processo de mumificação, quanto o processo de preservação continham sal. “A ideia era que você preservasse o peixe para comer em algum momento futuro”, disse o curador. “Então, eles assumiram que o que estava sendo feito com o corpo humano era o mesmo feito com os peixes.”
A substância utilizada na mumificação diferia daquela utilizada na preservação dos peixes. Conhecido como natrão, esse mineral natural é composto por uma mistura de carbonato de sódio, bicarbonato de sódio, cloreto de sódio e sulfato de sódio. Trata-se de um elemento abundante em torno de leitos de lagos perto do Nilo e foi ingrediente-chave na mumificação.
Price comentou o papel do incenso, outro material comumente associado a múmias; “Na história egípcia antiga, descobrimos que eles também eram presentes apropriados para um deus”, disse. Sobre esse tema, ele acrescentou que o significado da palavra incenso no Egito Antigo era ‘tornar divino’.
“Quando você está queimando incenso em um templo, isso é apropriado porque essa é a casa de um deus e torna o espaço divino. Mas então, quando você está usando resinas de incenso no corpo, você está tornando o corpo divino e em um ser piedoso. Você não está necessariamente preservando-o”, apontou Price.
Mais um equívoco sobre múmias
Outro ponto de equívoco está na crença de que os falecidos precisam de seus corpos na vida após a morte, isso favoreceu o mal-entendido sobre a mumificação. Prince atribuiu essa associação a uma “obsessão biomédica que nasceu das ideias vitorianas sobre a necessidade de seu corpo completo na vida após a morte”. O curador acredita que há um significado mais profundo nessa prática: transformar o corpo em uma estátua divina.
Seu apontamento deriva de evidências práticas, pois os arqueólogos muitas vezes encontram múmias colocadas em um sarcófago que tem semelhança com o falecido. Dentro da cultura egípcia, as máscaras, os painéis e objetos encontrados nos sarcófagos “dão uma imagem idealizada à forma divina.”
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Fonte: Olhar Digital
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