O aumento da expectativa de vida trouxe consigo mais acesso aos tratamentos, principalmente cirúrgicos. Muitos pacientes que passam por procedimentos cirúrgicos são pacientes com doenças crônicas, idosos frágeis, obesos, pacientes com menor capacidade funcional, e esse perfil de pacientes, têm um maior risco cirúrgico. Em entrevista ao Dourados Agora a fisioterapeuta Daniele Susan, que atende em Dourados, falou sobre os cuidados que os pacientes devem ter antes de passar por uma cirurgia, trata-se da chamada pré-habilitação, uma estratégia importante para ter resultados satisfatórios e correr menos riscos.
O que é a pré-habilitação?
É uma estratégia composta por exercício físico, abordagem nutricional, psicossocial, sendo acompanhada por vários profissionais, entre eles o fisioterapeuta.
No âmbito da fisioterapia, tem como objetivo aumentar a reserva fisiológica desse paciente, para que ele tenha uma recuperação mais rápida, menos complicações, diminuir a estadia hospitalar, risco de óbito e acelerar a recuperação desse paciente principalmente nas cirurgias de grande porte.
E necessária em qualquer cirurgia? E todo paciente precisa fazer?
Todo paciente que passar por uma cirurgia de grande porte, por exemplo: cirurgias cardíacas, abdominais, torácicas, vasculares, ortopédicas entre outras, vai apresentar uma queda na sua reserva fisiológica/capacidade funcional, seguida pela fase de recuperação. O que acontece é que um paciente que apresenta uma baixa reserva vai levar ao número maior de complicações. Então se você vai passar por uma cirurgia de grande porte é indicado passar por uma avaliação da sua capacidade funcional. Sempre falo para meus pacientes: Se você fosse correr uma maratona, você não iria treinar, se preparar? Então com a cirurgia é a mesma coisa, você precisa se preparar, então precisa ser avaliado por um profissional que vai lhe orientar.
Quais as principais complicações?
Pode ocorrer exacerbações de uma doença pré-existente, assim como pode ocorrer novas complicações. As principais são provenientes da anestesia, circulação extracorpórea, ventilação mecânica prolongada, imobilismo, acarretando complicações pulmonares, cardíacas e musculares.
Como funciona a pré-habilitação?
Primeiro o paciente passa por uma anamnese, fazemos estratificação de risco e realizamos alguns testes para avaliar a capacidade funcional. Após a avaliação damos início a intervenção sempre individualizada e monitorizada.
A intervenção é composta pela educação do paciente (quanto aos fatores de risco, estilo de vida saudável), orientação (sobre o procedimento cirúrgico, anestésico, consequências no organismo, educação sobre as formas seguras de contenção das incisões cirúrgicas e drenos), treinamento físico (treino aeróbio, resistido, flexibilidade, equilíbrio) e treinamento respiratório (fortalecimento da musculatura respiratória, técnicas de reexpansão pulmonar, técnicas de higiene brônquica, principalmente ensinar as técnicas para o pós-operatório). E em conjunto com a equipe médica e demais profissionais após uma reavaliação se o paciente estiver apto ele recebe alta para realizar o procedimento cirúrgico.
Quanto tempo dura?
Vai depender da cirurgia, do estado clínico do paciente, adesão ao tratamento, muitas vezes da liberação de plano de saúde, SUS etc.
Claro que o ideal e o que vemos em alguns estudos seria um período de 6 a 8 semanas, mas muitas vezes isso não é possível, então eu sempre tento no mínimo 4 semanas que é o período o que eu levo para reavaliar o paciente, as vezes conseguimos mais tempo, assim como já teve pacientes que durante o período teve que internar e antecipar o procedimento, mas qualquer período que o paciente fizer é melhor que nada. As vezes uma simples orientação já ajuda antes da cirurgia.
Fonte: Dourados Agora




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