Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em fevereiro deste ano, os países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) têm se dedicado a proteger não apenas o território ucraniano mas toda a região ao redor. É o caso da Alemanha, que revelou, nesta segunda-feira (21), que vai enviar seus próprios mísseis Patriot à Polônia.

Desenvolvido nos EUA, o sistema Patriot está presente, ou em vias de ser usado, em 18 países. Imagem: Mike Mareen – Shutterstock

No início deste mês, uma explosão matou duas pessoas no país, que tem uma faixa de 526 km de fronteira com a Ucrânia. Embora a situação tenha sido tratada como um “acidente não intencional”, provocado por um míssil perdido da própria Ucrânia, ainda assim o governo alemão decidiu ceder o sistema de defesa antiaérea. Esse foi o primeiro incidente em que armas usadas no conflito atingiram um terceiro país.

“A Polônia é nossa amiga, aliada e, como vizinha da Ucrânia, particularmente exposta”, disse a ministra alemã da Defesa, Christine Lambrecht, ao jornal O Globo.

Saiba mais sobre o sistema Patriot

Concebido pelos EUA no início da década de 1960, o sistema – composto por radares, unidades de comando e controle e vários mísseis interceptadores – começou a ser implantado pelo exército americano, de fato, nos anos 80, após várias atualizações feitas pela gigante de equipamentos bélicos Raytheon. Segundo a empresa, novos desenvolvimentos técnicos continuarão sendo adicionados ao sistema até 2048. 

Em sua atual configuração, o Patriot é capaz de defender um território contra mísseis balísticos táticos, mísseis de cruzeiro, drones, aeronaves e “outras ameaças” não especificadas pela Raytheon. Esses são alguns dos objetos aerotransportados usados pela Rússia para atacar a Ucrânia, e com os países da Otan se preocupam em relação a seus próprios territórios. 

No entanto, os militares russos também utilizam dispositivos menores, como minidrones que se mantêm mais próximos do solo e são mais difíceis de serem rastreados e interceptados pelo sistema Patriot.

Segundo as Forças Armadas da Alemanha, o sistema Patriot, presente ou em vias de se implantar em um total de 18 países, conta com um radar capaz de rastrear até 50 alvos e atacar cinco deles de uma só vez. Além disso, os mísseis interceptadores podem alcançar uma altitude de mais de dois quilômetros e atingir alvos a até 160 km de distância. 

Detentora de 12 unidades do sistema, a Alemanha posicionou duas delas na Eslováquia. Os detalhes do envio à Polônia serão definidos pelos ministérios da Defesa das duas nações.

O primeiro uso do Patriot em uma situação real de conflito foi em 1991, quando defendeu os militares dos EUA e da coalizão, bem como áreas povoadas em Israel, contra os mísseis iraquianos Scud, durante a Operação Tempestade no Deserto. Após algumas modernizações que melhoraram a eficiência do sistema, o Patriot foi enviado para o Iraque, em 2003, durante a guerra liderada pelos EUA naquele país. 

Diversos lançamentos de testes desde então realizaram intercepções bem-sucedidas, embora frequentemente sejam necessários vários mísseis Patriots para deter uma única ameaça.

Um dos maiores desafios do sistema, além de acompanhar e superar as tecnologias adversárias, é a questão financeira. A primeira aquisição do Patriot pela Polônia custou US$4,75 bilhões (quase R$26 bilhões), o que representa mais de 25% do orçamento de Defesa proposto pelo país para 2023. 

Segundo o grupo de pesquisa de defesa RAND, sediado nos EUA, um único teste de interceptação pode custar até US$100 milhões (algo em torno de R$538 milhões, na cotação atual).

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