Para nossa sorte, eventos que podem rasgar um planeta ao meio são extremamente raros. No entanto, acreditem ou não, quando nosso Sistema Solar era jovem, coisas assim ocorriam com bastante frequência. Aí, surge a questão: e se isso acontecesse com a Terra?
Em todos os lugares que se observam na nossa vizinhança planetária, estão evidências do que os cientistas chamam de “colisões gigantes”, indicando que os estágios finais da formação dos planetas foram assustadoramente violentos.
Segundo Jonti Horner, professor de Astrofísica na Universidade do Sul de Queensland, na Austrália, nos primeiros anos do Sistema Solar havia muitos objetos do tamanho de planetas flutuando pelo espaço, constantemente se chocando uns com os outros.
Em um artigo publicado no site The Conversation, Horner explica que, quando dois corpos do tamanho de planetas se chocam, a colisão é realmente catastrófica – mais do que suficiente para rasgar um mundo em pedaços.
“É exatamente isso que achamos que aconteceu com o planeta Mercúrio”, disse o pesquisador. “Quando Mercúrio se formou, todas as pistas nos dizem que provavelmente era cerca de duas vezes maior do que é hoje. Mas, há muito tempo, apenas um curto período de tempo depois que Mercúrio se formou, outro objeto do mesmo tamanho se chocou com ele em uma colisão que quase o destruiu totalmente”.
Essa colisão, segundo Horner, destruiu uma grande parcela de Mercúrio, restando apenas um núcleo de metal, com uma fina camada de escombros sobre ele. “Um planeta dilacerado por uma colisão, com as cicatrizes ainda visíveis por nós, mesmo quatro bilhões de anos depois”.
Para o professor, no entanto, o exemplo mais relevante de um planeta sendo dilacerado é, na verdade, o nosso próprio mundo. Os astrônomos acreditam que quando a Terra se formou, ela era solitária. Mas, depois de um bom tempo, ela ganhou uma companheira – a Lua. E de onde teria surgido a Lua?
“Todas as pistas que conseguimos reunir contam uma história realmente dramática”, revela Horner. “Não muito tempo depois que a Terra se formou, ela se deparou com outro planeta. Esse planeta, que os astrônomos batizaram de ‘Theia’, era do tamanho de Marte e esbarrou em nós de forma relativamente suave (comparado à forma como colisões entre os planetas acontecem)”.
No entanto, segundo ele, mesmo uma colisão suave entre planetas ainda é incrivelmente violenta. E esse choque teria destruído a Terra e matado qualquer vida que pudesse ter evoluído naquele momento.
O evento teria não apenas rasgado a Terra, mas aniquilado Theia. O material arrancado de ambos os corpos teria sido pulverizado para o espaço ao redor do nosso planeta. Então, a forte gravidade da Terra aprisionou a maioria dos detritos, que gradualmente se juntaram para formar a Lua.
Se isso aconteceu uma vez, o que garante que não poderia acontecer novamente? Nada. Mas, por enquanto (e por longos milhões e até bilhões de anos, talvez), não há nada como isso previsto (para nosso alívio).
De qualquer forma, é interessante pensar que a Lua, que hoje é um cobiçado destino das expedições espaciais humanas, é uma recordação física de que, uma vez, a Terra já foi dilacerada por um acidente cósmico.
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Fonte: Olhar Digital
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