Restos mortais de um macaco-aranha descobertos em Teotihuacán, no México, podem trazer informações relevantes sobre as relações sócio-políticas entre os povos mesoamericanos do início do Período Clássico – de 250 AEC a 900 AEC. (Era Comum – EC – e Antes da Era Comum – AEC – são as nomenclaturas atualizadas para os termos Depois de Cristo – d.C. – e Antes de Cristo – a.C.).

De acordo com a revista Galileu, o esqueleto é um dos indícios desses laços entre os Maias e os Teotihuacanes, uma civilização antecessora. A descoberta é da arqueóloga Nawa Sugiyama, da Universidade da Califórnia-Riverside, que integra uma equipe que desde 2015 escava o Complexo Plaza of Columns, em Teotihuacán.

Macaco-aranha, animal considerado exótico pelas civilizações antigas do México, que era ofertado como presente. Imagem: Photo Spirit – Shutterstock

Visto como exótico no México pré-hispânico, o animal tornou-se a evidência mais antiga de diplomacia representada por presentes trocados entre esses povos. Ele foi encontrado ao lado de uma águia dourada e várias cascavéis cercadas por artefatos como estatuetas de pedra verde feitas de jade e outras peças luxuosas.

Os resultados da análise de dentes do animal (os caninos superiores e inferiores) indicam que o macaco-aranha comia milho e pimenta malagueta em Teotihuacán. Já o exame de química óssea indica que ele viveu por pelo menos dois anos em cativeiro naquele local, depois de ser retirado da vida selvagem. 

Restos microbotânicos recuperados dos dentes do macaco-aranha. Grãos de amido vistos sob luz transmitida e polarizada cruzadamente (A/B, milho; C/D, pimenta; E/F, araruta). Fitólitos (G–I), tricoma (J), cristais (K) e tecido de madeira macia (L); seta branca indica cruzamento de campo de perfuração. Créditos: Nawa Sugiyama/ UC Riverside

Segundo o estudo, publicado no jornal Proceedings of the National Academy of Sciences, antes de chegar a Teotihuacán, o macaco-aranha vivia em um ambiente úmido, alimentando-se principalmente de plantas e raízes (mais compatível com o ambiente onde estavam os Maias).

Isso é compatível com a ideia de sacrifícios de animais simbolicamente potentes em rituais nos esconderijos da Pirâmide da Lua e do Sol, segundo os pesquisadores. “Teotihuacán atraía pessoas de todas as partes, era um lugar para onde as pessoas vinham para trocar bens, propriedades e ideias. Era um lugar de inovação”, disse Sugiyama.

Fósseis de outros animais também foram analisados nesse estudo, assim como fragmentos de murais em estilo maia e mais de 14 mil cacos de cerâmica que datam de mais de 1,7 mil anos.

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