O diagnóstico de herpes-zoster de Justin Bieber, anunciado em setembro deste ano, chamou atenção de fãs e curiosos que se depararam com as seguintes questões: o que é herpes-zoster? É igual a herpes comum? Já de imediato adiantamos que não, embora parecidas, as doenças não são a mesma coisa e ocorrem a partir de vírus diferentes.
“É preciso que as pessoas entendam que o vírus do herpes-zóster não é o mesmo que causa aquela feridinha na boca. Não é. Herpes-zóster é o mesmo vírus que o da catapora. Essa doença, geralmente, acomete pessoas mais velhas, não se espalha pelo corpo, e os locais mais atingidos são os caminhos dos nervos, que chamamos de plexos neurais. É um vírus latente, ou seja, ele não some do organismo e fica adormecido em um dos nossos nervos. Quando nossa imunidade cai, ele pode aparecer”, explica a Dra. Ana Paula Moschione Castro, médica alergista e imunologista pela USP.
Conhecido popularmente como ‘cobreiro’, o herpes zóster é causado pelo microrganismo varicela-zoster e resulta em uma infecção de pele, mas com grande comprometimento da qualidade de vida. Os principais sinais da doença são vesículas — pequeninas bolhas que fazem casca — acompanhadas de dor intensa, podendo ainda causar febre, mal-estar e cansaço. Em casos raros, pode levar a óbito.
À medida que envelhecemos, ou em situações que nosso sistema imunológico fica fragilizado (por estresse, má alimentação ou alguma doença preexistente), aumenta a possibilidade de ativação destes vírus e o desenvolvimento da doença, que tem uma grande preferência pelo trajeto de nervos e comprometimento da pele, podendo ter como sequela uma importante dor, conhecida como neurite herpética.
“É importante repetir que a doença causa lesões mais localizadas, ou seja, elas não se espalham pelo corpo”, reforça a especialista. Geralmente, as feridas causadas pela infecção por herpes-zoster ocorrem no pescoço, podendo atingir as orelhas, costas, tórax e abdômen.
No caso de Bieber, é possível que a depressão extrema e o quadro debilitado do seu sistema imune por também ter contraído a Doença de Lyme tenham facilitado a reativação do herpes zoster. No Brasil, por exemplo, o número de casos da doença aumentou 35% durante a pandemia, segundo uma pesquisa da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).
Herpes-zoster e herpes simples
A herpes simples, que conhecemos por também causar o mesmo tipo de ferida, porém nos lábios, boca ou região genital, é considerado comum na população. Em suma, o vírus labial é chamado de Herpes Simples, já o que causa o herpes zoster é o mesmo da Varicela (catapora). Sendo patógenos diferentes, embora ambos costumem surgir a partir da baixa imunidade, uma condição não causa a outra.
Vale destacar que, mesmo sendo diferentes, os tipos de herpes — divididos em três: tipo 1 (labial), tipo 2 (genital) e tipo 3 (zoster) — são de uma mesma “família”, mas se dividem a partir dos agentes causadores e região das lesões. O tratamento para todas também costuma ser parecido, com uso de medicamentos para aliviar dores, além de antivirais — as dosagens podem diferir, principalmente no caso do cobreiro.
Para o herpes zoster já existe vacina
Já existe vacina para a prevenção do herpes-zoster, produzida com vírus inativado, sendo necessárias duas doses. Ela está liberada para pessoas a partir dos 50 anos ou para quem tem comprometimento imunológico e risco aumentado para desenvolver herpes-zoster. Essa vacina tem elevado perfil de eficácia e segurança. E está recomendada mesmo para aqueles que já desenvolveram a doença.
“Normalmente, as pessoas só lembram de vacinas para crianças. É preciso mudar este pensamento é lembrar que, para um envelhecimento saudável, além da vacina contra a herpes-zoster, é importante que o calendário vacinal de adultos e idosos esteja em dia para evitar complicações de doenças graves como hepatites, meningites, HPV e tétano.”, alerta a médica.
Importante lembrar que também há vacina para prevenção da catapora, aplicada em duas doses a partir do 15° mês de vida. Ainda não há imunizantes conta o tipo 1 e 2 dos herpes, mas as medidas de prevenção são: evitar contato com as lesões, lavar sempre as mãos, não emprestar objetos íntimos, usar preservativo (no caso do tipo genital) e ter uma boa alimentação — a fim de manter a imunidade alta.
Fonte: Olhar Digital
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