Em meados de 2020, a descoberta de um possível sinal de presença de fosfina nas nuvens de Vênus causou um verdadeiro alvoroço na comunidade científica. Isso porque a fosfina pode ser considerada um biomarcador – indicador de vida potencial.
Diversos estudos posteriores, no entanto, derrubaram essa hipótese. Em um artigo publicado em junho deste ano na revista Nature Communications, pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, afirmam que não existe qualquer evidência biológica na atmosfera venusiana.
De acordo com outra análise (esta conduzida pelo microbiologista John Hallsworth, da Queen’s University Belfast, também no Reino Unido), a falta de água nas nuvens da atmosfera de Vênus impede a existência de vida – ou, pelo menos, da vida como a conhecemos.
Agora, segundo o site Space.com, dados obtidos pelo recém-aposentado Observatório Estratosférico de Astronomia Infravermelha, conhecido pela sigla SOFIA, somam-se a essas evidências de que, não, as nuvens de Vênus não podem sustentar a vida.
Montado em uma aeronave Boeing 747SP para fazer observações não acessíveis a partir de equipamentos terrestres, o telescópio SOFIA aterrissou pela última vez no fim de setembro, colocando fim a oito anos de uma missão repleta de ciência.
Antes disso, no entanto, ele conduziu observações de acompanhamento de Vênus na tentativa de confirmar ou refutar a descoberta de fosfina.
De acordo com um comunicado da Associação de Pesquisa Espacial das Universidades (USRA), uma organização norte-americana privada que coordena programas de estudo no campo espacial, SOFIA não conseguiu encontrar sinais reveladores de fosfina durante três voos realizados em novembro de 2021.
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“A fosfina é um composto químico relativamente simples – é apenas um átomo de fósforo com três hidrogênios – então você pensaria que seria bastante fácil de produzir. Mas em Vênus, não é óbvio como isso poderia ser feito”, disse Martin Cordiner, pesquisador em astroquímica e ciência planetária no Goddard Space Flight Center, da NASA.
Segundo a USRA, durante as observações, Vênus ficava visível para o telescópio aéreo (uma parceria entre os EUA e a Alemanha) por apenas cerca de meia hora após o pôr do Sol. Ou seja, a aeronave precisava estar no lugar certo na hora certa.
“Você não quer que a luz solar acidentalmente entre e brilhe em seus instrumentos sensíveis de telescópio”, disse Cordiner. “O Sol é a última coisa que você quer no céu quando está fazendo esses tipos de observações sensíveis”.
Com tantas refutações assim, será que vão insistir nessa história de vida nas nuvens de Vênus até quando? Aguardemos as próximas informações.
Fonte: Olhar Digital
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