Nesta quarta-feira (30), Marte vai alcançar o perigeu (ponto de sua órbita mais próximo da Terra), aparecendo maior e mais brilhante no céu do que o habitual – uma excelente oportunidade de observar o Planeta Vermelho.

De acordo com o site In-The-Sky.org, isso vai acontecer às 23h11 (pelo horário de Brasília), quando Marte vai estar a 0,54 Unidades Astronômicas (UA) do nosso planeta – algo em torno de 81 milhões de quilômetros (ou cerca de quatro minutos-luz) de distância. A NASA diz que os dois planetas não chegarão tão perto um do outro quanto desta vez até o ano de 2237.

Posição dos planetas no céu no momento exato em que Marte atinge o perigeu nesta quarta-feira (30). Imagem: Solar System Scope

Marte orbita o Sol a uma distância média de 1,5 UA, e em seu apogeu (sua distância mais distante da Terra) atinge uma distância de 2,6 UA. A variação do planeta entre perigeu e apogeu é a maior do Sistema Solar.

Ainda segundo o guia astronômico, o planeta se tornará visível por volta das 20h (tendo como referência um observador posicionado na cidade de São Paulo), quando atingir uma altitude de 7 graus acima do horizonte a nordeste, na constelação de Touro. (Se você estender o braço com a mão fechada, a largura do punho corresponde a cerca de dez graus no céu).

Nesse momento, Marte terá uma magnitude aparente de -1,8. Quanto mais brilhante um objeto parece, menor é o valor de sua magnitude (relação inversa). O Sol, por exemplo, que é o objeto mais brilhante do céu, tem magnitude aparente de -27.

O Planeta Vermelho atingirá seu ponto mais alto, 74 graus acima do horizonte sul, à 0h39 de quinta-feira (1), antes de desaparecer à luz do amanhecer por volta das 04h53, enquanto estiver a 14 graus acima do horizonte a oeste.

De acordo com o site Space.com, o Projeto Telescópio Virtual, serviço prestado pelo Observatório Astronômico Bellatrix, com sede na Itália, vai fazer uma transmissão ao vivo da chegada de Marte ao perigeu, a partir das 17h30, em seu canal no YouTube.

Marte na oposição

Em geral, a melhor época do ano para se observar um planeta é durante sua oposição, que é quando ele está do lado oposto do Sol em relação à Terra (que fica entre os dois corpos celestes). Isso vai acontecer com Marte na próxima quinta-feira (8).

Esse arranjo astronômico e o alcance do perigeu geralmente acontecem dentro de alguns dias um do outro. Eles não são simultâneos devido a Marte ter uma órbita achatada ou elíptica.

Desta vez, o planeta alcançará a oposição no mesmo dia em que ganhará a “visita” da Lua, em uma conjunção astral com nosso satélite natural. Além disso, também ocorrerá a ocultação lunar de Marte.

Ocultações lunares só são visíveis de uma pequena fração da superfície da Terra. Como a Lua está muito mais perto do nosso planeta do que outros objetos celestes, sua posição no céu difere dependendo da localização exata do observador na Terra devido à sua grande paralaxe (diferença na posição aparente de um objeto em relação a um plano de fundo, tal como visto por observadores em locais distintos ou por um observador em movimento). 

A posição da Lua vista de dois pontos em lados opostos da Terra pode variar em até dois graus, ou quatro vezes o diâmetro da lua cheia.

Isso significa que se a Lua estiver alinhada para passar na frente de um objeto específico para um observador posicionado em um lado da Terra, ela aparecerá até dois graus de distância desse objeto do outro lado do globo.

Imagem: InTheSky.org

No mapa acima, contornos distintos mostram onde o desaparecimento de Marte é visível (em vermelho) e onde será possível testemunhar seu reaparecimento (em azul). Os riscos sólidos exibem onde cada evento provavelmente será visível através de binóculos a uma altitude razoável no céu. 

Os contornos pontilhados, por sua vez, indicam onde cada evento ocorre acima do horizonte, mas pode não ser visível devido ao céu estar muito claro ou a Lua muito perto do horizonte.

Fora dos contornos (que é o caso do Brasil), a Lua não passa na frente de Marte em nenhum momento, ou está abaixo do horizonte no momento da ocultação.