Quinta-feira, Novembro 21, 2024
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Reino Unido viveu ano caótico, marcado por instabilidade política, morte da rainha e alta da inflação; relembre

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Britânicos enfrentaram acontecimentos que não eram vistos há mais de 30 anos; especialista aponta que população está colhendo os efeitos da saída do Brexit

O Reino Unido viveu momentos atípicos em 2022. A começar pelo Jubileu de Platina da rainha Elizabeth II e terminar com a série de renúncias ao cargo de premiê britânico. De junho até outubro, os britânicos dominaram os noticiários com uma sequência de acontecimentos que vão ficar marcados na história. Se em junho Elizabeth II se tornava a monarca que ficou mais tempo à frente do trono britânico e centenas de súditos se reuniam nas ruas de Londres para participar das cerimônias de comemoração dos seus 70 anos de reinado, três meses depois a população dava adeus à rainha, que morreu no dia 8 de setembro. Segundo o obituário assinado por sua filha, a princesa Anne, a causa da morte foi velhice. O funeral da monarca durou 11 dias e foi marcado por cortejos que passaram desde a Escócia, onde ela estava quando morreu, até a Inglaterra. Líderes como Jair Bolsonaro, Joe Biden e Emmanuel Macron marcaram presença no velório, realizado no dia 17 de setembro. Para Igor Lucena, Doutor em Relações Internacionais, esse foi o principal acontecimento do ano no Reino Unido e ele adianta que, para 2023, a coroação do rei Charles III, que assumiu o trono imediatamente após a morte de sua mãe, deve contar com o discurso mais importante do ano. O evento está previsto para acontecer no dia 6 de maio. 

Apesar das notícias envolvendo a família real, que ano após ano ganha destaque por alguma circunstância, a instabilidade política foi outro assunto recorrente no país. Afinal, foram duas renúncias ao cargo de primeiro-ministro e três premiês desde que o Reino Unido deixou o Brexit, em 2016. Liz Truss, que assumiu o cargo em 6 de setembro, só ficou nele por 45 dias e foi a pessoa que menos tempo ocupou o posto. Seu plano para melhorar a economia não foi bem aceito e, com suas tentativas de executá-lo, Truss causou uma crise política e financeira ainda maior do que a que já era enfrentada. Lucena pontua que a atual situação dos britânicos mostra que a saída do Brexit foi um erro. “Na minha visão, existe um ponto de vista claro que amplifica os efeitos da crise econômica e política causada pela guerra na Ucrânia e pela disrupção de cadeias produtivas. Isso faz com que o Reino Unido se mostre uma economia mais lenta de recuperação em relação aos outros países da União Europeia e eles não estão conseguindo avançar dentro do sentido de trocas relacionadas ao governo”, explica o especialista. 

inflação do Reino Unido

“Na prática, o que estamos assistindo é um país que optou por uma visão de deslocamento dos seus principais parceiros comerciais e não consegue fazer novas relações”, acrescenta Lucena, concluindo que esse cenário “coloca o Reino Unido em um estado que o torna mais pobre que os outros europeus e que, no longo prazo, no chamado ‘hard Brexit’, os negativos na economia se magnifiquem ainda mais por causa dos efeitos da guerra na Ucrânia”. Atualmente, quem ocupa o cargo de premiê britânico é Rishi Sunak, o ex-ministro das Finanças do país. Ele é considerado por muitos parlamentares de direita como a pessoa adequada para tranquilizar os mercados e retirar o Reino Unido da crise econômica e social. O especialista em relações internacionais aponta que o novo primeiro-ministro vai precisar fazer “uma grande diminuição de gastos públicos, porque o problema da inflação é o principal e a economia do país passa por problemas de crescimento que não eram vistos desde a década de 70”. A taxa de inflação no Reino Unido alcançou 10,1% em ritmo anual e atingiu o maior patamar em 40 anos, de acordo com o Escritório Nacional de Estatística (ONS). O último grande registro tinha sido em fevereiro de 1982. “O ponto principal da economia do Reino Unido de 2023 será uma forte refração, com um único objetivo de diminuir, na prática, a inflação, que é um problema muito mais ‘cômico’ lá do que aqui, porque eles são totalmente desacostumados com esse conceito inflacionário que vivemos no Brasil”, explica Lucena. 

Com intuito de combater a inflação, o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) elevou suas taxas de juros para 3,5%, o nível mais alto em 14 anos. O Banco Central Europeu também anunciou um aumento em suas taxas de juros de 0,50 ponto percentual, segundo um comunicado. “Embora não haja dúvida de que a atividade econômica está enfraquecendo, há indícios de que ela é mais resistente do que o esperado, e não está claro com que rapidez o mercado de trabalho vai relaxar”, disse o banco inglês. Tanto o BoE quanto o governo acreditam que a economia do Reino Unido entrou em uma recessão que deve durar todo o próximo ano. Isso deve acontecer, em parte, devido às consequências do aumento dos preços da energia e dos combustíveis. O aumento dos preços está desvalorizando os salários e ameaçando deflagrar greves nos setores público e privado. Em dezembro, as enfermeiras anunciaram dois dias de paralisação em busca de aumento salarial. Foi a primeira vez em mais de 106 anos que isso aconteceu.

Enfermeiras fazem maior greve em 106 anos │EFE/EPA/ANDY RAIN

O Royal College of Nursing (RCN) denuncia que os salários das enfermeiras caíram 20% em termos reais desde 2010, resultado de vários anos de reajustes abaixo da inflação. Neste ano, apesar de uma desaceleração de 11,1% em outubro para 10,7% em novembro, a inflação no Reino Unido permanece no nível mais elevado em quatro décadas. A greve acontece enquanto o venerado Serviço Nacional de Saúde (NHS) britânico convive com um financiamento considerado insuficiente há vários anos. Os ferroviários também entraram em greve em busca de melhores condições salariais, principalmente com a proximidade do inverno. Além dos problemas políticos e econômicos, os britânicos também lidaram com outro problema que há tempos não se fazia presente: as altas temperaturas. Vítima das mudanças climáticas, o país chegou a registrar mais de 40 graus. Até então, o recorde anterior era de 38,7 ºC, registrado em 25 de julho de 2019, em Cambridge. Foram duras ondas de calor em um curto intervalo de tempo. Segundo os cientistas, essa é uma consequência direta da crise climática, uma vez que as emissões de gases de efeito de estufa aumentam sua intensidade, duração e frequência. O calor foi tanto que dois aeroportos de Londres precisaram suspender as operações porque as pistas derreteram e foram danificadas.

Fonte: Jovem Pan News

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