Originalmente marcado para a segunda-feira passada (19) e, posteriormente, transferido para terça (20), o primeiro lançamento de um foguete privado a partir da Base de Alcântara, no Maranhão, foi reagendado para quarta-feira (21). No entanto, devido a uma falha ocorrida no acendimento do motor, a decolagem foi impedida.

Por essa razão, o lançamento foi suspenso, segundo informações da Agência Espacial Brasileira (AEB).

Nesta terça-feira (27), a Innospace, empresa sul-coreana responsável pelo foguete HANBIT-TLV, revelou que o evento ficará mesmo para o ano que vem.

“Espera-se que se tente novamente o voo de teste HANBIT-TLV no 1º trimestre de 2023”, diz a publicação da empresa no Twitter. “Verificações concluídas no momento para um problema inesperado de sincronização do sistema. Continuando nossa jornada de lançamento no próximo ano”.

A falta de transparência da companhia vem sendo bastante criticada pelos usuários do Twitter que têm acompanhado a “saga”.

Na tentativa anterior, por exemplo, houve reclamação da demora no aviso de que a missão seria abortada.

“Por favor, mantenha-nos atualizados sobre o próximo mais cedo. Ficamos esperando por muito tempo sem nenhuma informação”, diz o tweet do gerente de TI identificado como Lobato, que se descreve como um apaixonado por ciência e tecnologia.

Desta vez não foi diferente. Para alguns, o comunicado oficial da Innospace deixou dúvidas.

“Por favor, que tipo de “sincronização”? Pad vs GNC / relógios de computador? O CLS tem um sistema delluge (parece ter). Confirme se o foguete tem um manequim de 2º estágio”, diz o tweet do perfil Homem do Espaço. “A julgar pela ventilação LOX, parece que o lançador é muito alto para um veículo de estágio único”.

Por que a Base de Alcântara foi escolhida? 

Esta será a primeira vez desde sua inauguração, em 1º de março de 1983, que a Base de Alcântara vai sediar a decolagem de um foguete de uma empresa privada, colocando à prova o potencial do cosmódromo brasileiro para lançamentos espaciais.

Vantagens do Centro de Lançamento de Alcântara:

Qual é o objetivo da missão? Esse será o primeiro voo de teste suborbital para validar o motor de primeiro estágio do HANBIT-Nano, um pequeno lançador de satélites da empresa capaz de transportar uma carga útil de até 50kg para uma órbita polar (que cruza os polos do planeta), a aproximadamente 500 km de altitude.

De acordo com o site SpaceNews, a Innospace assinou um acordo com o Departamento Brasileiro de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) para lançar o Sistema de Navegação Inercial (SISNAV), projeto que tem o apoio da AEB e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), sob a supervisão da Força Aérea Brasileira.

A carga é um dispositivo de navegação que usa um computador e sensores de movimento e de rotação para calcular continuamente a posição, a orientação e a velocidade de um objeto em movimento, sem a necessidade de referências externas. 

Segundo o porta-voz do Innospace, Kim Jung-hee, a carga não será implantada no espaço nesse lançamento de teste. “O lançamento do teste permitirá que a DCTA verifique se o sistema de navegação inercial opera adequadamente em condições específicas, como vibração, choque e alta temperatura que ocorrem em todo o processo desde a decolagem e durante o voo”, disse ele. “Se o lançamento de teste do HANBIT-TLV for bem-sucedido, começaremos a nos preparar para um lançamento de teste de Hanbit-Nano”.

Futuros lançamentos espaciais no Brasil

No ano passado, o governo federal e a Força Aérea Brasileira (FAB) divulgaram que quatro empresas estrangeiras foram selecionadas para operar em Alcântara. Dessas, apenas uma já firmou acordo, além da Innospace: a canadense C6 Launch Systems, que deve começar a operar em meados de 2023.

A Virgin Orbit, do bilionário Richard Branson, está ainda em fase de negociações, bem como a Orion Applied Science & Technology (Orion AST), dos EUA, que pretende fazer uso do nosso espaçoporto a partir de outubro do ano que vem.

Saiba mais sobre a Base de Alcântara neste especial preparado pelo Olhar Digital.