Na última semana, o Senado aprovou uma proposta de lei que tem em vista facilitar a localização de doadores de medula óssea no país, permitindo que o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) possa requisitar a órgãos públicos dados de contato do doador. Segundo o Redome, até novembro deste ano estavam cadastrados cerca de 5 milhões de doadores e 650 pacientes na espera de um doador compatível. 

Em 2021, foram 170 mil novos cadastros de doadores voluntários, em 2022, esse número caiu para apenas 25 mil. De acordo com o hematologista especializado em terapia celular e células-tronco da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Elíseo Sekiya, existem alguns mitos e crenças que prejudicam o entendimento sobre a doação de medula. Confira abaixo! 

Na realidade, a medula se regenera em 15 dias após a doação. Caso seja encontrado um novo paciente compatível, o processo pode ser repetido após esse período se a pessoa consentir. Assim, um único doador pode ajudar muitas pessoas. 

A recomendação médica é três dias de repouso. Como a doação é prevista em lei, é possível se ausentar do trabalho e receber atestado médico, dependendo do estado de recuperação. 

Medula óssea e medula espinhal não são a mesma coisa. A medula óssea é um tecido localizado no interior dos ossos, enquanto a medula espinhal é formada de tecido nervoso e está dentro da coluna vertebral. Por fim, a medula óssea é retirada do interior dos ossos da bacia. 

O especialista do São Camilo também ressalta os desafios da doação de medula óssea no Brasil. “Geralmente, quem conhece esse tipo de doação teve casos de familiares ou conhecidos que precisaram de medula óssea. O grande desafio é encontrar doadores compatíveis, porque em muitos casos o transplante é o único tratamento que pode salvar a vida do paciente”, explica Sekiya. 

Imagem: shutterstock/Sakurra

Como se cadastrar para ser doador? 

Para se tornar um doador voluntário de medula óssea, é preciso acessar o site do REDOME (http://redome.inca.gov.br) e verificar a unidade de cadastramento mais próxima da sua localização. 

Neste local, será realizada a apresentação de um documento chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para cadastro no REDOME e será coletada uma amostra de sangue para exame de tipagem HLA (antígeno leucocitário humano). Os resultados ficam cadastrados no REDOME para buscas de compatibilidade com quem necessita de doações. 

Apesar do crescimento da base de dados do Redome, o número de novos cadastros de doadores vem caindo nos últimos anos; cerca de 80 doenças podem ser tratadas com o transplante de medula óssea, como linfomas, leucemias, doenças imunes e mielomas múltiplos. 

Imagem: shutterstock/nobeastsofierce

Há duas formas seguras de doação 

Sekiya pontua que o processo de doação de medula óssea pode ser feito com segurança de duas formas, e uma delas não requer internação ou anestesia. 

“A primeira maneira é a punção direta da medula óssea, que é realizada sob anestesia e a medula óssea é retirada do interior do osso da bacia, por meio de punções. Requer internação de 24h, podendo ocorrer dor no local da punção nos primeiros dias, a qual pode ser amenizada com uso de analgésicos. O tempo de recuperação ocorre em torno de 15 dias”, explica. 

Outra forma de doar medula óssea é por meio de coleta por aférese, um método onde o doador recorre a uma medicação por cinco dias, para aumentar a produção de células-tronco circulantes no seu sangue. 

Durante o uso desta substância, podem ocorrer dores ósseas e musculares, além de cefaleia (dor de cabeça). Após o período, a doação é realizada por meio de uma máquina de aférese, que colhe o sangue, separa as células-tronco e devolve os componentes que não são necessários para o receptor, sem a necessidade de anestesia ou internação. 

“Quanto mais doadores cadastrados, maiores as chances de encontrar um compatível. A probabilidade de duas pessoas que não são parentes serem compatíveis é baixa, sendo preciso testar centenas ou milhares de pessoas para encontrar um doador.  As buscas por doadores sempre iniciam com os familiares de primeiro grau porque a chance de compatibilidade é maior, mas quando não se encontra doadores na família, a busca precisa ser feita em registros de doadores nacionais ou internacionais”, finaliza. 

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