Bilionário sul-africano se envolveu em diversas polêmicas ao longo do ano; a maioria está ligada à aquisição da rede social
Depois de ser eleito como personalidade do ano da revista Time em 2021, o empresário sul-africano e canadense Elon Musk teve um ano muito movimentado em 2022, sendo protagonista de uma das maiores transações do ano, polemizando nas redes sociais e vendo sua fortuna diminuir significativamente ao longo dos meses. Além de tudo isso, no âmbito nacional, Musk esteve no Brasil e se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro (PL). Preparamos essa retrospectiva relembrando como foi o ano de um dos empresários mais influentes e, agora, segundo homem mais rico do mundo.
Em maio, Musk visitou o Brasil e se encontrou com o presidente Jair Bolsonaro. A reunião aconteceu em Porto Feliz, no interior de São Paulo, em um resort de luxo. Ao todo, mais de cem convidados participaram do evento, incluindo os ministros Fábio Faria (Comunicações), Ciro Nogueira (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Seretaria-Geral da Presidência). Até Dias Toffoli, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), esteve lá. O objetivo do encontro era discutir conectividade e monitoramento na Amazônia. Musk declarou que conectará 19 mil escolas nas zonas rurais e monitorará a floresta (sem explicar os meios). Na época, Bolsonaro disse que o anúncio da compra do Tiwtter por Musk era um “sopro de esperança”.
“Conhece Elon Musk? Está lançando foguete.” Quem é usuário ativo de redes sociais certamente já ouviu essa frase nos vídeos de Toguro, popular influenciador brasileiro. O bordão é usado para explicar que, em um mundo tão avançado, ninguém pode ficar preso a convicções e preconceitos do passado. Neste ano, a SpaceX, empresa de Musk que fabrica sistemas aeroespaciais, lançou o foguete mais potente do mundo (Falcon Heavy) e mandou até a bola da Copa do Mundo para o espaço. Em parceria com a Qatar Airways, a empresa lançou um propulsor vinculado a um drone que percorreu 1.300 quilômetros com duas redondas do Mundial do Catar.
Em abril deste ano, Musk anunciou que estava negociando a compra do Twitter por US$ 44 bilhões. Ele já havia se tornado acionista da empresa, com 9% das ações. Meses depois, em julho, o empresário entregou um documento à rede social no qual comunicava um recuo na negociação de compra da plataforma, alegando que a rede social violara “materialmente” múltiplas cláusulas estabelecidas em contrato e o número de bots e contas de spam era maior do que o anunciado publicamente. Isso fez com que a diretoria da empresa acionasse a Justiça e processasse Musk para que as negociações continuassem e a venda fosse concretizada. O acordo foi cumprido e o bilionário se tornou dono do Twitter, mas as polêmicas continuaram.
Após assumir o comando da rede, Musk promoveu uma série de mudanças. Dentro da plataforma, o empresário segue alterando o esquema de contas verificadas, mas ainda não encontrou uma maneira de agradar aos usuários. Além da verificação tradicional, os tuiteiros podem conseguir o selo azul pagando o Twitter Blue, que custa US$ 8 por mês. Além disso, Musk também fez uma enquete questionando se contas suspensas deveriam retornar à plataforma, recebendo uma aprovação de 72,4% e afirmando, à época, que “a anistia” começaria em breve. Uma das contas que foi banida e reativada é a do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Além disso, Musk afirmou que está ciente de contas suspensas de políticos brasileiros e que dará atenção ao tema.
Fora da plataforma, no âmbito administrativo, a situação também não foi tranquila. Logo após ser comprado por Musk, o Twitter iniciou um plano de demissões que atingiu centenas de funcionários, incluindo membros do alto escalão. Mais recentemente, em uma tentativa de corte de gastos, o jornal americano “The New York Times” informou que Musk está com parcelas do aluguel dos escritórios da empresa em São Francisco atrasadas, o que levou a reclamações de empresas imobiliárias. O sul-africano estaria tentando renegociar os termos dos contratos e disse que a plataforma teve uma “queda maciça na receita” após a aquisição.
Além das polêmicas, a compra do Twitter alçou o bilionário a xodó dos conservadores. Após lançar o serviço Twitter Blue, por exemplo, Musk deu resposta irônica à deputada Alexandria Ocasio–Cortez, um dos principais nomes do Partido Democrata dos Estados Unidos. “Rindo muito que um bilionário está tentando seriamente vender às pessoas a ideia de que liberdade de expressão significa, na realidade, cobrar um plano de 8 US$ por mês”, tuitou AOC. “Seu feedback é bem-vindo. Agora pague US$ 8”, rebateu o novo dono da rede social. O sul-africano ainda reativou a conta de Donald Trump — que, no entanto, preferiu não voltar ao Twitter — e prometeu olhar com carinho o caso de direitistas com as contas banidas no Brasil. Por último, Musk revelou documentos que, segundo ele, provam que o Twitter favoreceu políticos progressistas nas eleições americanas — e ainda disse acreditar que a possibilidade de o mesmo ter acontecido por aqui é grande.
Já no fim de dezembro, Musk sofreu um duro golpe ao perder o posto de homem mais rico do mundo. Segundo levantamento da revista Forbes divulgado no fim do ano, Musk foi ultrapassado por Bernard Arnault, CEO do conglomerado de luxo LVMH, com uma fortuna avaliada em US$ 185,3 bilhões. Do ponto de vista financeiro, o dono da Tesla enfrentou um ano de fortes prejuízos. Veículos especializados estimam que o empresário tenha perdido aproximadamente US$ 100 bilhões ao longo de 2022, fazendo dele o membro do ranking de mais ricos do mundo que mais perdeu dinheiro no ano. A aquisição do Twitter também afetou os negócios do empresário. Temendo que Musk gaste muito tempo reestruturando a rede social, investidores da Tesla venderam ações e levaram a empresa à desvalorização. Com isso, Musk vendeu US$ 3,6 bilhões em ações da companhia entre os dias 12 e 15 de dezembro deste ano.
Fonte: Jovem Pan News
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