Na semana em que o Brasil se despede do maior jogador de futebol de todos os tempos, são as lembranças do que os olhos humanos presenciaram nos gramados que colocam Pelé em um dos lugares mais nobres do imaginário coletivo mundial. No entanto, com mais de 1.200 gols, a maioria sem registro em vídeo — uma dificuldade própria da época — como lembrar de cada bola na rede que o consagrado Rei do Futebol engavetou?  

E mais, por que esquecemos tanto de tarefas, compromissos e situações, mesmo que sejam (ou tenham sido) importantes? 

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Memória: nosso bem mais precioso 

O jurista e filósofo Norberto Bobbio (1997) disse que ‘Somos aquilo que lembramos’. O exemplo dos muitos gols de Pelé não registrados que permanecem na memória coletiva reforça o somos porque lembramos. Foi graças a memória dessas pessoas que a fama de Pelé se espalhou pelo mundo e o transformou em uma das personalidades mais lembradas da história. 

Lembrar é o que diferencia os humanos de outras espécies. Tudo que somos e acreditamos está diretamente relacionado com a memória que armazenamos ao longo da vida. 

Imagem: Lightspring – Shutterstock

Por que então esquecemos tanto? 

São muitos os relatos de pessoas que lembram em detalhes dribles e passes do rei do futebol, mesmo já se passado algumas décadas. Segundo especialistas em neurociência, este acesso do cérebro a questões antigas e a dificuldade para lembrar fatos mais recentes está diretamente ligado às mudanças atuais em nosso estilo de vida, com um mundo mais rápido e mais efêmero, onde as mudanças acontecem diariamente, o que exige muito mais do cérebro humano do que no passado, impactando diretamente na criação da memória. 

Segundo a neurocientista do SUPERA — Ginástica para o cérebro, Livia Ciacci, a maior causa de lapsos e falhas envolve a memória de trabalho e acontece porque insistimos em tentar usá-la para muitas tarefas simultâneas.

“Nossa memória de trabalho não consegue realizar várias tarefas ao mesmo tempo. Quando duas tarefas precisam do mecanismo neurológico simultaneamente, uma ou ambas as tarefas levarão mais tempo, ou perderão qualidade”, detalhou. 

A memória de trabalho, também chamada de memória operacional, é uma função cognitiva que nos oferece a capacidade de guardar e gerenciar informações em mente de forma temporária e limitada. Em suma, é ela que é a responsável pelas funções executivas (de executar), que armazena e retém informações, dando sentido e posteriormente suporte às atividades.

estudo do cérebro
Imagem: Sergey Nivens/Shutterstock

Como melhorar a memória em 2023? 

Episódios como a perda de alguém tão singular como o rei Pelé explicitam a importância de cuidar da memória ao longo da vida, afinal, quem é que não quer ter para sempre na memória o gol mais bonito do jogador: como Camisa 10 do Santos, Pelé goleou o Juventus por 4 a 0 na Rua Javari em 2 de agosto de 1959 (o gol não teve registro e foi historicamente perpetuado pela lembrança imbatível dos fãs, narradores e jogadores da época). Além da prática de ginástica para o cérebro — um recurso único que oferece benefícios para todas as idades — a educação constante, a leitura e bons hábitos de vida, como a prática de exercícios físicos e uma alimentação saudável, são fundamentais para uma boa memória. 

“A memória gosta de boas noites de sono, alimentação equilibrada, exercícios físicos regulares, interação social de qualidade e ginástica cerebral. Tem boa memória quem consegue prestar atenção. Um bom treino cognitivo, ou seja, elaborado por profissionais competentes, beneficia o cérebro como um todo, de maneira integrada e harmoniosa, porque a memória não se localiza em apenas uma região do cérebro”, concluiu Ciacci. 

Pelé faleceu no dia 29 de dezembro, aos 82 anos, por quatro condições de saúde diferentes, sendo a principal um câncer de cólon que enfrentava desde 2021. Ele estava internado há um mês e, segundo boletim médico, teve broncopneumonia, insuficiência renal e insuficiência cardíaca. Veja os detalhes de cada uma dessas condições aqui!

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