Um estudo da Universidade da Carolina do Norte, nos EUA, sobre os efeitos das redes sociais em adolescentes trouxe resultados que merecem atenção. O uso frequente das plataformas pode gerar alterações no cérebro dos mais jovens.
A pesquisa foi publicada online nesta última terça-feira (3). Segundo o levantamento, os jovens que checam suas redes sociais com mais regularidade foram mais propensos a serem sensíveis a recompensas e punições sociais gerais.
“Para os jovens que verificam habitualmente suas mídias sociais, o cérebro está mudando de uma forma que está se tornando cada vez mais sensível ao feedback social ao longo do tempo”, disse Eva Telzer, professora assistente de psicologia e neurociência na Universidade de Carolina do Norte em Chapel Hill, e principal autora do estudo. “E isso está preparando o terreno para como o cérebro continua a se desenvolver na idade adulta”, acrescentou.
O levantamento levou três anos para ser completado. A equipe estudou 169 alunos da sexta e sétima série na zona rural da Carolina do Norte e procurou determinar como os hábitos de acessar as redes sociais impactavam em seus desenvolvimentos.
Com isso, os alunos tinham entre 12 e 13 anos quando o estudo teve início. Eles relataram seus comportamentos nas redes sociais e foram submetidos a imagens por ressônancia magnética funcional (fMRI) anuais de seus cérebros. Assim, foi possível observar as respostas neurais a uma exibição na tela de sinais sociais positivos e negativos.
Durante esse período, os estudantes que diziam checar as redes sociais com mais frequência exibiram maior sensibilidade neural em partes do cérebro, como a amígdala. Os alunos que verificaram as mídias com menos regularidade viram menos sensibilidades nessas áreas.
Telzer afirma que não é possível estabelecer que as mudanças neurais resultaram em mudanças comportamentais, como aumento da ansiedade ou tendências viciantes. Além disso, apesar da correlação entre hábitos das redes sociais e maior sensibilidade aos feedbacks, ainda não é certeza que um efeito é consequência do outro.
“A sensibilidade amplificada pode levar a comportamentos compulsivos posteriores nas redes sociais, ou pode refletir uma mudança neural adaptativa que ajuda os adolescentes a navegar em seus mundos sociais”, garantiu Telzer.
De acordo com Neha Chaudhary, diretora médica da BeMe Health e psiquiatra infantil e adolescente no Massachusetts Hospital Geral e Harvard Medical School, as redes sociais estão carregadas de formas de receber feedbacks dos usuários. As reações ou respostas podem vir em uma simples curtida em um post ou numa crítica de um comentário maldoso.
“Eu encorajo fortemente as pessoas – especialmente os adolescentes – a fazer pausas frequentes no uso da mídia social”, disse Chaudhary à CNN. Ela não participou do estudo, mas aponta que as redes sociais podem realmente estar mudando o cérebro dos jovens. No entanto, a médica ressalta que o processo de causa e efeito pode ser o contrário: estudantes que utilizam mais as redes sociais por experimentarem transformações em seu desenvolvimento cerebral.
Diante disso, Chaudhary aconselha os jovens a se conectarem com os amigos pessoalmente, a se sentirem mais presentes e assim, “separados do fluxo constante, muitas vezes causador de ansiedade, de informações sobre o mundo e a vida de outras pessoas.”
Fonte: Olhar Digital
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