Ministério de Defesa afirmou que aparelho, usado sem autorização, transmitiu sinal que ajudou a indicar a localização de um depósito de munições
Em um novo levantamento, a Rússia informou nesta quarta-feira, 4, que 89 soldados morrerem em um ataque da Ucrânia realizado na véspera de Ano Novo, na cidade de Makeyevka, na região anexada de Donetsk. O número de vítimas é 23 a mais do que tinha sido informado anteriormente, mas ainda segue bem abaixo dos 400 mortos que o governo ucraniano fala. Segundo a imprensa russa, as vítimas eram recrutas, ou seja, soldados não profissionais. Esse revés russo é apontado como um dos piores golpes sofridos desde o começo do conflito, que se encaminha para completar onze meses. Em uma recente declaração, o Ministério de Defesa da Rússia culpou os celulares, usados sem autorização, pelo ataque. Eles defendem que o aparelho transmitiu sinal e ajudou a indicar a localização de um depósito de munições. “Já é óbvio que o principal motivo do ocorrido foi o acionamento e o uso maciço de celulares em zona de alcance de armas inimigas’’, declararam. O presidente russo, Vladimir Putin, ainda não reagiu publicamente.
Ao mesmo tempo em que o Ministério acha um culpado para a baixa sofrida, o Exército de Vladimir Putin vem sendo alvo de críticas, principalmente os comandantes. A chefe da rede RT, o braço de propaganda internacional do Kremlin, pediu a publicação dos nomes dos comandantes russos e “suas responsabilidades”. “É hora de entender que a impunidade não leva à harmonia social. A impunidade leva a novos crimes. E, consequentemente, à dissensão pública”, escreveu Margarita Simonian no Telegram. Os correspondentes de guerra russos acusaram os comandantes russos de não aprender com seus erros do passado e de transferir a culpa para os soldados. A conta Rybar no Telegram, que possui um milhão de seguidores, chamou de “criminosamente ingênuo” o Exército armazenar munição próximo aos dormitórios. Por sua vez, o líder separatista pró-russo Denis Pushilin elogiou o “heroísmo” dos soldados sobreviventes, que “arriscaram suas vidas” para “resgatar seus companheiros” sob os escombros.
Em um evento incomum na Rússia, onde os poderes públicos costumam manter o silêncio a respeito das baixas militares na Ucrânia, cerca de 200 pessoas se reuniram na terça-feira para homenagear os mortos em Samara, de onde eram originários alguns dos soldados falecidos. “É muito difícil, é assustador. A dor nos une”, declarou Ekaterina Kolotovkina, que lidera um grupo de esposas de militares, na cerimônia realizada em uma igreja ortodoxa. Durante o ato, soldados realizaram disparos em memória das vítimas, enquanto os demais participantes distribuíram rosas e deixaram flores em uma praça no centro da cidade. Mesmo diante das perdas, as tropas russas lançam ondas de ataques aéreos com mísseis e drones. Nesta quarta-feira houve bombardeios em Kramatorsk, Zaporizhia e Kherson, e combates em Bakhmut, um dos atuais pontos quentes do conflito. O general russo Sevriukov afirmou que suas forças destruíram vários lançadores HIMARS na cidade de Druzhkivka, em Donetsk, e reivindicou pesadas perdas entre as tropas de Kiev. A Ucrânia, por sua vez, reportou apenas uma morte e a destruição de um rinque de patinação no gelo.
*Com informações da AFP
Fonte: Jovem Pan News
Comentários