Em 1963, o cientista britânico Keith Douglas Tocher (ou KD Tocher, como também era conhecido) publicou o primeiro livro da história a abordar a simulação computacional. The Art of Simulation aborda, entre outros aspectos, o trabalho do pesquisador na United Steel Company, onde desenvolveu, em 1958, um até então inédito programa de simulação geral. Dotado de uma estrutura comum capaz de ser usada para executar uma variedade de simulações, a criação de Tocher ainda hoje é a base de muitas aplicações modernas destinadas a este fim.
O fato é que, 65 anos depois, ainda temos na simulação um meio para o desenvolvimento de novas tecnologias. No finalzinho de dezembro, o holandês Werner Vogels, VP da Amazon, afirmou em entrevista que as realidades virtuais, aumentadas e simuladores de todos os tipos estão se tornando cada vez mais comuns – e, em 2023, serão potencializadas pelo uso da nuvem, que facilita a construção e visualização de sistemas complexos por conta de sua elasticidade.
Vogels textualmente afirmou que “as tecnologias vêm amadurecendo lentamente há anos, mas o impacto cotidiano tem sido limitado. Isso está mudando rapidamente e, em 2023, caberá à nuvem tornar essas tecnologias mais acessíveis, permitindo uma nova classe de casos de uso que não serão limitados por restrições físicas”.
Voltando ao âmbito das simulações, é importante destacar que em 2021 o mercado falava com empolgação sobre os gêmeos digitais e, em 2022, foi a vez do metaverso estar no centro das discussões. Ora, se um dos maiores especialistas em tecnologia da atualidade crava que estamos às portas de uma era em que a simulação dará o tom na criação das novas tecnologias, por que não pensar na fusão entre os gêmeos digitais e o metaverso?
O Instituto dos Engenheiros Eletrônicos e Eletricistas (IEEE), por exemplo, sinalizou que a tecnologia de gêmeos digitais pode levar o metaverso a um novo patamar de interação em 2023, permitindo desde simulações complexas em cenários adversos na indústria até o desenvolvimento de dispositivos hápticos, que suportam uma amplitude de movimento equivalente ao da mão no pulso e permitem a produção de sensações de toque realistas à medida que o usuário manipula em uma tela objetos 3D.
Sendo assim, a tendência é que esta combinação nos impacte cada vez mais com novos e ilimitados recursos, e caberá às organizações acompanhar essas transformações – do contrário, correrão o risco de perderem vantagem competitiva. Por isso, é essencial não só conhecer essa dinâmica que o mercado nos apresenta, como também desenvolver estratégias para estar sempre à frente quando o assunto for inovação.
Considerando que o desenvolvimento de produtos e serviços tecnológicos é fruto de um processo marcado por tentativas e erros, podemos e devemos revisitar as teorias de KD Tocher para testar nossas ideias (se necessário à exaustão) para chegarmos ao ideal que os Clientes querem. Esse novo tempo que se descortina será norteado pela criatividade e pelo dinamismo, e a inovação não poderá ser apenas um fim, mas, sim, um meio para encantar e fidelizar todos aqueles que buscarem pela sua expertise.
Andre Prevedel é Chief Technology Officer da NEO
Fonte: Olhar Digital
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