Nesta sexta-feira (6), é comemorado o Dia do Astrólogo. A raiz etimológica da palavra astrologia se originou a partir da junção dos termos gregos astron, que significa “estrelas” ou “astros”, e logos, que quer dizer “estudo”. No entanto, embora tenha relação com o “estudo dos astros”, ela é, na verdade, uma pseudociência, não devendo ser confundida com a astronomia

Por mais que grande parte da população mundial acredite em astrologia, ela não passa de uma pseudociência sem comprovação. Imagem: sarayut_sy – Shutterstock

Basicamente, a astrologia relaciona a posição dos astros no céu, tanto no nascimento quanto diariamente, com fatos na Terra, incluindo os humores e destinos das pessoas. Ela assume que há ação dos corpos celestes sobre os objetos animados e inanimados, e que os ângulos aparentes entre os planetas no céu afetam a humanidade.

A história da Astrologia

Segundo o professor e astrônomo George Abell, em seu livro The Science Teacher (O Professor de Ciências), a astrologia começou no vale dos rios Tigre e Eufrates, no atual Iraque, cerca de 3.000 a.C..

Naquela época, os mesopotâmicos e os babilônios acreditavam que os planetas, o Sol e a Lua (e seus movimentos) influenciavam a vida dos reis e das nações. Por volta de mil anos depois, os chineses adotaram crenças similares. 

Quando a cultura babilônica foi incorporada pelos gregos, em torno de 500 a.C., a astrologia gradualmente se espalhou pelo ocidente. Então, os gregos, aos poucos, democratizaram esse conhecimento, desenvolvendo a tradição de que os planetas influenciavam a vida de todos os indivíduos e que a configuração planetária do momento do nascimento das pessoas afetaria sua personalidade e seu futuro. 

Conhecida como “astrologia natal”, essa forma de astrologia alcançou seu ápice com o grande astrônomo Claudius Ptolomeu (85-165 d.C.). Seu trabalho Tetrabiblos permanece como base da astrologia ainda nos dias de hoje.

Origem do horóscopo

Conforme destaca o astrônomo Kepler de Souza Oliveira Filho, bacharel em Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Ph.D em astrofísica pela Universidade do Texas, a chave da astrologia natal é o horóscopo.

Os signos do zodíaco. Imagem: Billion Photos – Shutterstock

“O horóscopo é uma “carta” que mostra a posição dos planetas no céu no momento do nascimento (e não da concepção!), em relação às doze constelações do Zodíaco, definidas naquela época como cada uma ocupando 30 graus na eclíptica, e chamadas signos”, explica Oliveira. “As posições são tomadas em relação às casas, regiões de 30 graus do céu em relação ao horizonte”.

Uma variante popular da astrologia é baseada no signo solar, que usa somente um elemento: o signo ocupado pelo Sol no momento do nascimento da pessoa. É essa vertente que aparece nos jornais e revistas.

Para a astrologia, a Terra está no centro do Universo, rodeada pelo Zodíaco, e a definição dos signos ignora a precessão (movimento circular) do eixo de rotação da Terra.

Segundo o site Ciência Viva, um pião é um bom exemplo. Ele gira sobre o seu eixo, mas esse eixo oscila ligeiramente. A precessão do eixo de rotação da Terra faz com que os Polos Norte e Sul não apontem sempre para a mesma estrela ou constelação.

A definição dos signos ignora a precessão (movimento circular) do eixo de rotação da Terra. Imagem: jaya diudara80 – Shutterstock

Precessão do eixo de rotação da Terra altera a configuração dos signos

Se você acredita nisso, com certeza sabe, pelo menos, o seu signo solar, que se refere à posição que o Sol ocupava no momento do seu nascimento, seguindo o esquema abaixo:

No entanto, considerando a precessão dos equinócios, com a evolução da rotação da Terra ao longo dos anos, parece que essas datas aí em cima devem ser desconsideradas. Atualmente, o Sol, na verdade, estaria posicionado desta nova maneira nas constelações:

Note que, na atual configuração, o Sol ganhou mais uma casinha: a constelação de Ofiúco. Isso muda alguma coisa em termos astrológicos? Aí, só os astrólogos é que podem explicar melhor.

Aqui no Olhar Digital nós tratamos de Ciência, e tanto a teoria gravitacional de Isaac Newton e Albert Einstein quanto a teoria eletromagnética de James Clerk Maxwell comprovam que o efeito dos astros nas pessoas é completamente desprezível.

Naturalmente, não estamos falando da luz do Sol, principal fonte de energia na Terra, nem dos efeitos de maré da Lua sobre nossos mares. Também não estamos falando do efeito real da colisão de um asteroide ou meteorito com o nosso planeta, que muitas vezes tem consequências catastróficas. 

Tudo depende das distâncias

Oliveira explica que o obstetra que realiza o parto de uma criança exerce uma atração gravitacional sobre ela seis vezes maior do que Marte, por exemplo, pois embora a massa marciana seja muito maior do que a do médico, o planeta está muito mais distante. O efeito de maré do obstetra sobre a criança é ainda 2 trilhões de vezes maior do que o de Marte.

Por falar em distâncias, a astrologia, ao calcular os horóscopos, assume que o efeito dos planetas, como Marte, é o mesmo quando eles estão do mesmo lado do Sol que a Terra e quando eles estão do outro lado do Sol, cinco vezes mais distante – o que não faz o menor sentido cientificamente.

“A característica fundamental da Ciência é basear-se na observação da natureza e na experimentação. No entanto, os efeitos das posições dos planetas e da Lua em qualquer pessoa na Terra nunca foram demonstrados em qualquer estudo sistemático”, afirma Oliveira. 

Estudos científicos refutam a astrologia

Nas últimas décadas, vários cientistas testaram as previsões da astrologia e comprovaram que não há resultados:

  1. O psicólogo Bernard Silverman, da Universidade Estadual de Michigan, estudou o casamento de 2978 casais e o divórcio de 478 casais, comparando com as previsões de compatibilidade ou incompatibilidade dos horóscopos e não encontrou qualquer correlação. Pessoas “incompatíveis” casam-se e divorciam-se com a mesma frequência que as “compatíveis”. O psicólogo suíço Carl Jung (1875-1961), em seu livro “A Interpretação da Natureza e da Psique”, chegou à mesma conclusão.
  1. O físico John McGervey, da Universidade Case Western, estudou biografias e datas de nascimento de 6.000 políticos e 17.000 cientistas e não encontrou qualquer correlação entre a data de nascimento e a profissão, prevista pela astrologia.
  1. Um teste duplo-cego de astrologia foi proposto e executado pelo físico Shawn Carlson, da Universidade da Califórnia. Grupos de voluntários forneceram informações para que uma organização astrológica bem estabelecida produzisse um horóscopo completo da pessoa, que também preenchia um questionário de personalidade completo, pré-estabelecido de comum acordo com os astrólogos.

A organização astrológica que calculava o horóscopo completo da pessoa, juntamente com 28 astrólogos profissionais que tinham aprovado o procedimento antecipadamente, selecionavam entre três questionários de personalidade aquele que correspondia a um horóscopo calculado. Como havia três questionários e um horóscopo, a chance de acerto aleatório seria de 1/3 = 33%.

Os astrólogos tinham previsto antecipadamente que a taxa de acerto deveria ser maior do que 50%, mas em 116 testes, a taxa de acerto foi de 34%, ou seja, a esperada para escolha ao acaso. Os resultados foram publicados no artigo A Double Blind Test of Astrology, em 1985, na revista Nature.

  1. Os astrônomos Roger Culver e Philip Ianna, que publicaram o livro Astrologia: Verdade ou Mentira, em 1988, pela editora americana Prometheus Books, registraram as previsões publicadas de astrólogos bem conhecidos e organizações astrológicas por cinco anos. Das mais de 3.000 previsões específicas, envolvendo muitos políticos, atores e outras pessoas famosas, somente 10% se concretizaram. 
  1. Uma pesquisa coordenada pelo professor Salim Simão, do Departamento de Produção Vegetal da Universidade de São Paulo (USP), durante sete anos, comprovou que as fases da Lua não têm efeito no crescimento das plantas. (Veja, edição 1638, 1 mar 2000, p. 127).
  1. O médico dermatologista Valcinir Bedin, presidente da Sociedade Brasileira para Estudos do Cabelo, afirma: “Independentemente da fase lunar, a média de crescimento mensal do cabelo é de 1 centímetro.” (Veja, edição 1638, 1 mar 2000, p. 127).

Portanto, embora mais da metade da população, segundo Oliveira, acredite em astrologia, trata-se somente de uma crença, sem qualquer embasamento científico.