Com a chegada do verão e das férias, as esperadas viagens finalmente saem do papel. Um dos lugares mais buscados, claro, é a praia, bem como cachoeiras e natureza. Contudo, o que deveria ser um momento de lazer e de descanso pode se tornar um problema de saúde se não houver a atenção necessária, desde os cuidados com a pele até os olhos, principalmente para aqueles que usam lentes de contato. 

“A sensação era de que o olho estava sendo corroído. Fiquei desesperada. Procurei por atendimento aqui na Bahia, mas o olho só piorava. Pensei que ia ficar cega”, relata Eliana, que teve sua lente contaminada por uma acanthamoeba, ameba de vida livre bastante comum na água que pode corroer a córnea. 

“É uma infecção difícil de tratar por os remédios serem poucos e a acanthamoeba transmuta rapidamente. Eliana já tinha passado por tratamento na Bahia, mas pelo grau de evolução da infecção, no dia seguinte poderia perder a visão”, explica o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier de Campinas.

Diagnóstico de ceratite 

Segundo Queiroz Neto, o diagnóstico de ceratite, quando há inflamação da córnea, uma membrana transparente que fica na região frontal do olho, aumenta todo verão. “A estação mais quente do ano cria no país o ambiente perfeito para a proliferação de microrganismos. Além disso, na praia ou piscina basta cair uma gota d’água na lente para causar úlcera na córnea. Por isso, o ideal é ter um par de óculos para estas atividades, mas muitas pessoas arriscam por falta de informação”, afirma. 

Imagem: shutterstock

Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) apontam a ceratite como a maior causa infecciosa de perda da visão no mundo. De acordo com a SOBLEC (Sociedade Brasileira de lentes de Contato), hoje, 3 milhões de brasileiros usam lente de contato e a cada ano o mercado ganha 500 mil novos usuários. Para o oftalmologista, as novas tecnologias que tornaram as lentes cada vez mais confortáveis e a popularização através da venda livre pela internet explicam este crescimento, que acende um sinal de alerta para mais um problema de saúde pública no país. 

Sintomas e tratamento 

A córnea responde por 60% de nossa refração e pode ser contaminada por bactéria, vírus, parasitas ou fungos.  Os sintomas geralmente são: 

A recomendação é interromper o uso a qualquer um desses sintomas. O tratamento da ceratite varia de acordo com o tipo de microrganismo e é sempre uma emergência que deve ter acompanhamento médico. “O uso de colírio inadequado pode mascarar a infecção, levar a sequelas graves e até cegueira por perfuração do olho, sobretudo nos casos de ceratite viral ou fúngica.” 

Adaptação e contraindicações 

O uso de lentes é contraindicado para muitos dos que compram o produto online, mesmo quando a finalidade é apenas trocar a cor dos olhos. Isso porque, a adaptação inclui análise da curvatura e relevo da córnea, exame de refração, avaliação do filme lacrimal, fundoscopia e adaptação de lente teste. A estimativa do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia), do qual o especialista faz parte, é de que 16% da população não deve usar lente de contato.  

Conforme o médico, as contraindicações são doenças externas como alergia, olho seco ou borda da córnea irregular, que aumentam a chance de desenvolver ceratite. “Toda lente de contato oferece correção visual mais precisa que óculos porque fica apoiada sobre a córnea, mas a população precisa ser informada sobre os cuidados no uso”, pontua. 

Imagem: shutterstock/Valeri Potapova

Regras de uso e manutenção das lentes de contato

As principais recomendações do oftalmologista para preservar a córnea são: 

O oftalmologista ressalta ainda que o limite de uso diário varia conforme a produção lacrimal de cada pessoa e transmissão de oxigênio da lente em uso. A regra geral é nunca usar lentes durante o sono, mesmo quando têm indicação de uso noturno. Isso porque, a produção do filme lacrimal diminui 50% durante a noite. O uso da lente de contato com as pálpebras fechadas reduz ainda mais a oxigenação da córnea. 

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