Os cientistas decidiram explorar mais as características do grande grupo de dinossauros herbívoros e descobriram diferenças surpreendentes na maneira como esses animais lidavam com uma alimentação baseada em vegetais. Durante o estudo, os pesquisadores examinaram os crânios desses dinossauros e rastrearam como ocorreu a evolução dos primeiros exemplares herbívoros. Para isso, a partir da tomografia computadorizada, eles reconstruíram os músculos da mandíbula e mediram a força da mordida de cada um.
Foram analisados cinco crânios do grupo herbívoro Ornithischia, foram eles quem forneceram a chave para compreender os hábitos alimentares. Os primeiros dinossauros vegetarianos evoluíram de formas diferentes o que os levou a lidar com a alimentação também de uma maneira distinta.
A reconstituição mostrou que o heterodontossauro parece ter tido grandes músculos da mandíbula em relação ao tamanho do crânio, o que significa que o animal produzia uma alta força de mordida, ideal para o consumo vegetais mais resistentes. Já o Scelidosaurus tinha uma força de mordida semelhante, mas músculos da mandíbula eram relativamente menores em comparação com o crânio.
Em contrapartida, o crânio do Hypsilophodon, que também foi analisado, não tinha músculos grandes. Nesse cenário, os músculos desses dinossauros foram reorientados para morder de forma mais eficiente, mas com menos força muscular.
Segundo o Dr. Stephan Lautenschlager, da Universidade de Birmingham, essas diferenças mostram que uma dieta baseada em vegetais pode ser abordada por técnicas diferentes e que um “baixo desempenho alimentar” pode ser compensado de outras maneiras. É curioso porque, embora esses animais parecessem muito semelhantes, suas soluções individuais para os mesmos problemas ilustram a natureza imprevisível da evolução.
Pássaros e crocodilos ajudaram a desenhar como era o hábito alimentar dos dinossauros herbívoros
A equipe conseguiu reconstruir os músculos da mandíbula através de dados obtidos de pássaros e crocodilos, os parecentes mais próximos dos dinossauros atualmente, para ajudar a indicar onde os músculos teriam estado. Cada crânio passou por uma simulação para morder um objeto imaginário e, assim, os pesquisadores puderam ver como os diferentes elementos respondiam à força aplicada. Quanto mais força, mais calor era visto nos músculos.
O professor e paleontólogo Paul Barrett, acrescentou: “Se você quiser entender como os dinossauros se diversificaram em tantos tipos diferentes de forma tão eficaz, é fundamental aprender como eles evoluíram para se alimentar de uma variedade tão grande de vegetação de tantas maneiras.” A expectativa é que essa pesquisa ajude os cientistas a compreender como os animais evoluem para ocupar novos nichos ecológicos, pois mesmo animais com dietas semelhantes se desenvolveram características e potencialidades diferentes. Isso mostra o quanto a evolução é imprevisível e incrível.
Fonte: Olhar Digital
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