Jair será jogador do Vasco. Apesar do anúncio oficial ainda não ter acontecido, o fato já é tratado como consumado, seja em Belo Horizonte ou no Rio de Janeiro. O volante, de 28 anos, chega em São Januário com credenciais positivas, entre a eleição para a seleção do Campeonato Brasileiro de 2021 e os números que o colocam como jogador de linha mais utilizado pelo Atlético Mineiro.
Contratado em 2019 pelo Atlético, em negociação que envolveu o perdão da dívida do Sport com os mineiros pela contratação do atacante André, Jair foi uma grata surpresa para o Alvinegro. O volante chegou sem grande nome e currículo, num início de carreira que envolveu seis clubes nos quatro primeiros anos como profissional.
Cria da base do Internacional, Jair estreou pelo Colorado em 2014, mas pouco jogou. Em três anos no time principal, foram somente nove jogos disputados, o que resultou numa saída para o Rio Verde, de Goiás, em 2017.
Antes de chegar ao Galo, o volante passou ainda por Boa Esporte, Veranópolis, Juventude e Sport, esses três últimos numa mesma temporada. Em 2018 começou disputando o Gaúcho com uma camisa, vestiu outra na Série B e terminou a temporada em Pernambuco – somente 13 jogos e dois gols marcados por lá foram o suficiente para chamar a atenção do Atlético.
Se o que faltou para Jair no início da carreira foi regularidade, no Atlético o volante estabeleceu isso com sobras. Em quatro anos no clube, o jogador se tornou o mais antigo do elenco, ao lado de Igor Rabello e Réver, que têm o mesmo tempo de casa. Réver, é claro, teve passagem anterior pelo Galo, mas saiu do clube em 2014 e só retornou em 2019.
Desde que foi contratado, Jair se tornou o jogador mais utilizado pelo Galo. Em quatro anos, o volante entrou em campo em 171 oportunidades, o que dá uma média superior a 42 jogos por temporada. A título de comparação, no mesmo período, Réver fez 161 jogos, enquanto Igor Rabello 155.
Quando começou no Galo, Jair era visto como um primeiro volante. O jogador exercia uma função mais destrutiva, quando a parte ofensiva cabia mais a nomes como Elias, Cazares e Vina, companheiro de time em 2019. A melhor versão de Jair, porém, chegaria em 2020, quando ganhou a companhia de Allan no meio de campo e passou a ter mais liberdade para jogar. Em quatro anos de Atlético, Jair marcou 13 gols e contribuiu com 10 assistências, com média de uma participação em gol a cada oito jogos.
O auge da carreira de Jair foi em 2021. No ano mágico do Galo, campeão Brasileiro, da Copa do Brasil e estadual, o volante acabou por ser eleito para a seleção da Série A. Tanto na premiação da CBF, quanto na Bola de Prata, Jair foi reconhecido como o melhor jogador da posição naquele Brasileiro.
A grande perda do Vasco para 2023 foi o jovem Andrey Santos. Negociado com o Chelsea, o jogador deixa um vazio no meio de campo com poucos candidatos a preenchê-lo.
Oficialmente, o único reforço do Vasco para o meio de campo é De Lucca, ex-Bahia. O volante, porém, é um jogador que se sobressai pelas características defensivas, levando Jair a ser o (futuro) natural substituto.
Entre Andrey Santos e Jair, porém, há de se ressaltar grande diferença, que vai além do aspecto técnico. Mesmo referido por vezes como um volante, Andrey desempenhou na Série B um papel mais próximo de um meia-central, que flutuava entre a intermediária defensiva e, principalmente, ofensiva. Em termos de posição, Jair até se aproxima disso, mas com a prevalência de atuar muito mais pelo lado direito do gramado, além de não ser exatamente um organizador de jogadas.
No Atlético, Jair encontrou sua melhor versão como um segundo volante, que aliava a destruição de jogadas às chegadas ao ataque como um elemento surpresa, ou como um suporte entre a lateral e a ponta direta. Dos 13 gols que marcou pelo Galo, a maior parte foi de cabeça (7), normalmente em jogadas de escanteio. Nenhum gol foi marcado de fora da área, característica que parece ser uma das especialidades de Andrey.
Seja como substituto para Andrey, ou solução para o meio de campo, Jair chega ao Vasco como um jogador com grande consistência na Série A nas quatro últimas temporadas. A saída do Atlético não é pelas portas do fundo, pelo contrário. O jogador só perdeu espaço no elenco pelas escolhas do novo treinador, Eduardo Coudet, que trouxe consigo Edenílson e Patrick, seus jogadores de confiança nos tempos de Internacional.
Fonte: Ogol
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