Astrofísicos da Universidade Northwestern e da Universidade da Califórnia de San Diego, ambas nos EUA, encontraram o sistema estelar binário composto por estrelas anãs ultrafrias mais compacto já observado.
As duas estrelas que formam o sistema LP 413-53AB estão tão próximas que a órbita em volta uma da outra dura apenas 20,5 horas. A distância entre as anãs superfrias corresponde a 1% da proximidade entre a Terra e o Sol e é menor que a distância entre Júpiter e sua lua Calisto.
Do tipo mais comum no Universo, as anãs superfrias são uma categoria de estrelas de pouca massa, que emitem principalmente luz infravermelha, sendo impossível observá-las a olho nu.
Até então haviam sido detectados apenas três sistemas binários compactos compostos por estrelas anãs superfrias, todos eles com menos de 40 milhões de anos de idade. O LP 413-53AB, no entanto, surgiu quase junto com o Sol, há bilhões de anos, mas é muito mais compacto que os outros encontrados.
Observação do sistema binário
A descoberta do LP 413-53AB foi feita com base em análise de dados de arquivo. Ao observar os dados espectrais de uma estrela, os astrônomos podem entender características como composição química, temperatura, gravidade e rotação. Além disso, os dados também podem determinar a velocidade radial, ou seja, o movimento da estrela enquanto se afasta e se aproxima do observador.
Em primeiro momento, observando o LP 413-53AB, os astrônomos acreditavam se tratar de uma única estrela, mas conforme o movimento de órbita, as coisas mudaram. Analisando mais os dados e linhas espectrais, os cientistas perceberam que eram duas estrelas em um compacto sistema binário.
A partir dos dados espectrais, os pesquisadores começaram as observações do telescópio do Observatório WM Keck. O sistema fica localizado na constelação de touro e foi observado em março, julho, outubro e dezembro do ano passado.
“Quando estávamos fazendo essa medição, pudemos ver as coisas mudando em alguns minutos de observação. A maioria dos binários que seguimos têm períodos orbitais de anos. Então, você obtém uma medição a cada poucos meses. Depois de um tempo, você pode juntar as peças do quebra-cabeça. Com este sistema, poderíamos ver as linhas espectrais se afastando em tempo real. É incrível ver algo acontecer no Universo em uma escala de tempo humana“.
Adam Burgasser, um dos autores da pesquisa, para o site Phys
Os pesquisadores especulam que talvez existisse um terceiro membro no sistema binário que foi ejetado, o que justifica elas serem tão próximas. A outra teoria desenvolvida pelos cientistas é que as estrelas migraram uma em direção à outra à medida que evoluíam.
Binários compostos por estrelas anãs ultrafrias são raros
O próximo objetivo da pesquisa é identificar outros sistemas binários compostos por estrelas anãs ultrafrias, no entanto, eles são raros. “Não sabemos se são raros porque raramente existem ou porque simplesmente não os encontramos. Essa é uma questão em aberto. Agora temos um ponto de dados sobre o qual podemos começar a desenvolver no arquivo por um longo tempo”, aponta Chris Theissen, coautor da pesquisa.
Com a identificação, os pesquisadores pretendem montar uma base de dados maior. Isso ajudará os astrônomos a entender como se dá a formação de sistemas binários parecidos.
Fonte: Olhar Digital
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