Um exoplaneta chamado Proxima b, que orbita a estrela anã vermelha Proxima Centauri, é o mundo fora do Sistema Solar que tem a menor distância até a Terra, estando localizado a cerca de quatro anos-luz daqui.
Ele foi visto pela primeira vez em 2016, orbitando muito mais perto de seu sol do que Mercúrio orbita o nosso. Tão perto, de fato, que um ano em Proxima b dura apenas 11 dias terrestres.
Um lado desse planeta é sempre iluminado por estar todo o tempo voltado para a estrela, e o lado oposto, por sua vez, é sempre escuro. Isso é porque esse mundo não muito distante de nós é “bloqueado pelas marés”.
Essa é uma realidade provável não apenas em Proxima b, mas também em milhões ou mesmo bilhões de outros planetas em toda a Via Láctea.
Em razão dessa configuração, as grandes áreas eternamente diurna e noturna talvez sejam quentes ou congeladas demais, respectivamente, para que qualquer coisa consiga sobreviver.
No entanto, cientistas acreditam que a zona crepuscular entre elas pode ser temperada o suficiente para ser habitável.
Um artigo hospedado no servidor de pré-impressão arXiv e já aceito para publicação no Astronomical Journal analisa que tipo específico de planeta pode tornar essa zona, à qual os astrônomos se referem como “exterminador”, a mais adequada para sustentar a vida.
Nem muita, nem pouca água: apenas o suficiente
No caso de planetas rochosos bloqueados por marés por estrelas vermelhas ou anãs-M, a equipe liderada por Ana Lobo, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (CalTech), descobriu que mundos com alguma, mas não muita água na superfície, são provavelmente os melhores.
Estrelas anãs vermelhas são o tipo mais comum na Via Láctea. Vários exoplanetas pequenos e rochosos orbitam essas estrelas relativamente fracas e frias tão de perto que são bloqueados pelas marés. Com isso, a noite, o dia, o pôr do sol e o nascer do sol são “lugares”, em vez de tempos, em incontáveis mundos em toda a nossa galáxia.
Na verdade, segundo o site Cnet, a ideia é menos estranha do que parece. A Lua, por exemplo, está presa às marés da Terra, então, o mesmo lado está sempre voltado para o nosso planeta.
Lobo e sua equipe defendem que o “exterminador de mundos bloqueados pelas marés” é um lugar onde vale a pena procurar vida alienígena.
Eles usaram modelos climáticos para descobrir que os chamados “mundos aquáticos”, onde a superfície é amplamente coberta por um oceano, são menos propensos a produzir uma zona crepuscular habitável.
Tais planetas são apelidados de “globos oculares” porque um oceano escuro e central voltado para o sol pode ser cercado por uma área circular branca de gelo marinho que se aproxima do exterminador, o que faz com que todo o lado diurno se assemelhe a um olho.
Para as chances de encontrar vida extraterrestre na zona crepuscular, os cientistas pensam que os chamados exoplanetas “limitados pela água” são mais comuns do que os mundos “globos oculares abundantes em água”.
“Portanto, a habitabilidade do exterminador pode representar uma fração significativa dos planetas anões M habitáveis”, disse Lobo.
Os dados da equipe também revelam que mundos úmidos bloqueados pelas marés podem perder água por congelamento (no lado noturno) ou por vaporização (no lado diurno). Assim, com o tempo, um mundo aquático pode perder parte de sua umidade, tornando sua zona terminal mais propensa a ser temperada e habitável.
James Webb pode ajudar a examinar exoplaneta Proxima b
Quanto ao planeta Proxima b, os astrônomos dizem que precisam coletar mais observações para começar a descobrir quais são as condições na superfície. É possível que ele seja coberto por um oceano planetário ou que tenha perdido toda a umidade para o espaço há muito tempo – ou, ainda, algo no meio disso.
Pesquisas sugerem que as atmosferas de mundos semelhantes provavelmente sejam nubladas ou nebulosas, tornando-as difíceis de observar e estudar, embora possa haver períodos de céu limpo fornecendo aos astrônomos janelas para olhar mais profundamente para esses exoplanetas interessantes, principalmente com o uso de observatórios de próxima geração, como o Telescópio James Webb.
Até agora, Webb ainda não observou Proxima b, mas já apontou para vários outros sistemas estelares parecidos, como o do Trappist-1, que inclui vários planetas semelhantes à Terra.
Infelizmente, porém, existem outras considerações além do clima terrestre que determinam o potencial de vida em planetas ao redor de estrelas anãs vermelhas, como o clima espacial.
Estrelas envelhecidas têm o “péssimo hábito” de queimar mais do que estrelas mais jovens e maiores, como o nosso Sol. Isso significa que planetas em órbita próxima na zona habitável podem ser regularmente explodidos com doses esterilizantes de radiação. Esse parece ser o caso de Proxima b, de acordo com algumas observações.
Agora, resta-nos aguardar resultados de estudos futuros que possam trazer mais informações sobre isso.
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Fonte: Olhar Digital
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