* Por Alessandra Montini

Em pleno 2023, é possível imaginar a vida cotidiana sem internet? Obviamente, não. Ela está em todo lugar, como na mudança dos hábitos de compra, na facilidade dos serviços, na coleta e tratamento de dados para usufruto nas empresas e até nas formas de conhecer e se relacionar com pessoas. Mas pensando friamente, ela está mesmo em todo lugar?

Segundo um levantamento divulgado pelo IBGE em 2021, 92,3% dos domicílios urbanos brasileiros têm acesso à web, enquanto apenas 74,7% conseguem navegar na área rural. A necessidade da aceleração digital ao longo do período de pandemia de COVID-19 fez com que muitas pessoas fossem obrigadas a buscar uma forma de acessar à rede.

Isso não quer dizer, no entanto, que todos têm a mesma experiência, a começar pelos equipamentos. Segundo dados do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), 100% dos lares da classe A têm ao menos um computador, mas isso acontece somente em 13% dos de classe D e E.

Quando o assunto é qualidade, a pesquisa realizada pela PwC Brasil em parceria com o Instituto Locomotiva revela que somente 20% dos usuários têm acesso de qualidade a internet. Os demais sofrem com a desigualdade de infraestrutura de conexão. Isso ficou ainda mais óbvio com a chegada do 5G ao país.

5G no Brasil ainda é um sonho para alguns

A quinta geração de internet tinha uma previsão de chegada, porém encontrou algumas barreiras e só conseguiu se instalar por aqui em outubro do ano passado. Com a promessa de ter mais velocidade na transferência de informações e permitir que mais aparelhos estejam conectados simultaneamente na rede (no 4G a cobertura é de 10 mil aparelhos por quilômetro, enquanto no 5G pode ser de até 1 milhão de aparelhos por quilômetro), esta tecnologia promete ser a solução mais atual para o problema de ausência de internet em determinadas regiões brasileiras.

No momento, são pouco mais de 200 cidades que tem 5G disponível para os usuários e ainda assim não é em toda o município que se consegue sinal. Conforme o novo cronograma da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o serviço chegará a 26 cidades com mais de 500 mil habitantes a partir de janeiro, além de outros 420 municípios em áreas ao redor delas.

Já para quem mora em cidades pequenas, a espera será maior. O calendário indica que as cidades com menos de 30 mil habitantes serão atendidas gradualmente a partir de 2026.

Ainda há um longo caminho a ser percorrido para que a internet seja mais acessível para além das grandes metrópoles brasileiras. Só então vai ser possível afirmar que esta famosa rede que não conseguimos desgrudar está realmente em todo lugar.

* Alessandra Montini é diretora do LabData, da FIA

Imagem: metamorworks (Shutterstock)

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