Pesquisadores descobriram que uma classe antiga de drogas antipsicóticas podem se tratar de uma nova opção de terapia promissora para pessoas com diabetes tipo 2. A nova abordagem pode ajudar a preencher uma necessidade entre os pacientes que não podem fazer outros tratamentos atualmente disponíveis.
“Há uma necessidade crescente de encontrar novas terapias para diabetes tipo 2”, afirma John Ussher (via Medical Xpress), professor da Faculdade de Farmácia e Ciências Farmacêuticas e principal autor do recente estudo publicado na revista Diabetes.
O motivo disto, como explica o pesquisador, é que a droga metformina é uma das terapêuticas mais comuns para diabetes tipo 2, mas cerca de 15% dos pacientes não conseguem tomá-la. Outro tipo de classe de drogas comumente usadas (secretagogos de insulina) para tratar o diabetes não é tão eficaz para pacientes em estágio avançado, que também precisam de uma opção diferente.
“Para os pacientes que não podem tomar metformina, pacientes com diabetes em estágio avançado em que suas células beta não estão funcionando bem, quando você está tentando encontrar novas terapias ou novas terapias combinadas à medida que a doença progride, torna-se mais importante para encontrar novas classes de drogas que visem novos mecanismos para que você tenha mais opções para tentar reduzir o açúcar no sangue nesses indivíduos”, explica Ussher.
Pensando nestes pacientes, Ussher e sua equipe voltaram sua atenção ao mecanismo da succinil CoA: 3-cetoácido CoA transferase (SCOT), uma enzima envolvida no processo do corpo de produzir energia a partir de cetonas. Eles usaram modelagem de computador para encontrar drogas que poderiam potencialmente interagir com SCOT e chegaram em uma geração mais antiga de drogas antipsicóticas, uma classe de drogas chamada difenilbutilpiperidinas, ou DPBP.
Ussher e sua equipe já haviam descoberto que um medicamento específico dentro desta classe chamado Pimozida poderia ser reaproveitado para ajudar a tratar o diabetes, mas desde então eles expandiram seu foco para ver se mais da classe DPBP também poderia ser útil para tratar a doença.
“Já testamos três drogas e todas elas interagem com essa enzima”, afirma Ussher. “Todas elas melhoram o controle do açúcar no sangue, impedindo que o músculo queime cetonas como fonte de combustível”. Ele ainda continuou: “Acreditamos que essa inibição do SCOT é a razão pela qual esses antipsicóticos podem realmente ter uma segunda vida para serem reaproveitados como agentes antidiabéticos”.
O reaproveitamento pode ser eficaz porque capitaliza uma característica principal da maioria das drogas: elas não se restringem a apenas um alvo no corpo. Como explica Ussher, a maioria das drogas, na verdade, tem vários alvos que podem ser influenciados.
“É aí que entra o reaproveitamento”, diz ele. “Podemos identificar os outros alvos com os quais um medicamento pode interagir e, ao identificar esses outros alvos, esse medicamento pode servir a um propósito para uma doença diferente?”
Isso é o que o laboratório de Ussher fez ao reconhecer que a classe de drogas DPBP poderia ter como alvo a atividade SCOT, bem como os receptores de dopamina que ela tem como alvo em seu uso original pretendido para tratar psicoses.
O conhecimento desses alvos originais também pode fornecer um contexto valioso ao refinar e melhorar o medicamento reaproveitado. Como os medicamentos DPBP eram originalmente antipsicóticos, muitos de seus possíveis efeitos colaterais, como sonolência, tontura ou fadiga, surgem de seus efeitos em seu alvo original: os receptores de dopamina no cérebro. O laboratório de Ussher está planejando tentar criar uma versão modificada da classe de drogas que não atinja o cérebro e tenha menos efeitos adversos em potencial.
“Para nós, a empolgação é que parece que toda a família desses compostos interage com essa proteína [SCOT] e pode melhorar o controle do açúcar no sangue no diabetes tipo 2”.
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Fonte: Olhar Digital
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