A startup SciFi Foods, está desenvolvendo o cultivo de células musculares animais para a formação de carne. O CEO, Joshua March, está usando a tecnologia CRISPR, para acelerar os avanços de sua pesquisa.
Para Kasia Gora, CTO da SciFi, tudo é apenas uma questão de engenharia. “Adotamos uma abordagem de biologia sintética para descobrir como fazer linhas de células de carne bovina escaláveis”, explica ela.
No final de 2022, já haviam 152 empresas de carne cultivada, operando em 29 países, segundo o Good Food Institute. Porém, só a startup de March utiliza esta tecnologia, que torna a edição de genes tão fácil quanto usar uma impressora 3D.
“A ideia é que as células produzidas sejam de carne, mas que cresçam tal qual uma célula-tronco e se desenvolvam bem, se multiplicando em uma suspensão de célula única”, diz o CEO.
A chave para realizar estes bifes são os ciclos de engenharia que permitem a prototipagem rápida. Assim, as próximas rodadas de células irão criar as próximas modificações. O problema é que para se produzir um pequeno pedaço de carne, é necessário mais de 10 trilhões de células.
Por ser um mercado muito pequeno, perguntas como: vocês conseguem fabricar células em grandes biorreatores, em suspensão líquida? Quais meios (ou nutrientes) são usados? Quais são os custos dos ingredientes? Surgem o tempo todo.
O objetivo principal para quem desenvolve carne sintética é ter paridade entre o curto de uma carne animal. A princípio isto não é possível, por isso a SciFi está apostando na tecnologia CRISPR. A empresa acredita que irão conseguir fazer uma carne com sabor fiel e estabeleceram uma meta de US$1 por hambúrguer em escala comercial.
Uma vez colhidas, as células bovinas serão formuladas em um hambúrguer misto, feito com proteínas de soja e de óleo de coco, semelhantes às carnes à base de plantas que já conhecemos. O ingrediente secreto da SciFi é uma pequena porcentagem de células SciFi (5% a 20%) que estimulam nossas papilas gustativas com as notas de carne das quais sentimos falta no sabor dos concorrentes.
O sabor da “carne”
Um jornalista do The Fast Company Brasil, diz ter provado um hambúrguer à base de plantas da SciFi e o outro era feito de células de carne bovina cultivadas lado a lado, com um custo de cerca de US$250. Segundo ele, não era possível distinguir qual era qual, já que ambos eram saborosos e possuem a mesma textura.
Embora a Food and Drug Administration não considere a CRISPR equiparável à modificação genética, a União Européia exigirá “maior escrutínio de seu produto por parte das agências reguladoras”.
De acordo com o Good Food Institute, US$2,6 bilhões foram investidos nessas proteínas alternativas desde 2010. Apesar da recente desaceleração, Joshua March já conseguiu levantar US$22 milhões em uma rodada recente de financiamentos. O que faz com que novos investidores fiquem de olho neste mercado.
“Com o CRISPR, teremos linhagens celulares que não precisam de fatores de crescimento, apenas cultura celular simples: açúcares, gordura, aminoácidos”, explica. Segundo a SciFi, isso trará uma redução de custos mil vezes maior em escala comercial.
Como o sabor é o principal fator do produto, a startup contratou o Harold McGee para ser seu consultor culinário. Reconhecido por ser um dos nomes mais importantes para a compreensão da ciência que sustenta o que comemos, além de ser o escritor do livro On Food and Cooking: The Science and Lore of the Kitchen, “Comida e Cozinha: Ciência e Cultura da Culinária”.
“Parece-me que esta é uma fase realmente interessante e importante na história dos seres humanos e seus suprimentos de comida”, analisa McGee.
Fonte: Olhar Digital
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