Desde janeiro de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece os efeitos do estresse crônico causado pelo ritmo de trabalho como parte de uma doença ocupacional que apresenta sintomas físicos e emocionais: a Síndrome de Burnout. Segundo especialista, um fator pouco falado, mas que pode contribuir para a piora da condição, é a luz a qual somos expostos.
“A luz artificial é o principal fator de um ambiente construído, pois impacta biologicamente no organismo das pessoas, por isso podemos afirmar que dependendo do projeto de iluminação de um ambiente de trabalho, a luz pode estar agravando ou sendo fator de gatilho para síndromes como esta”, explica a naturopata e especialista em projetos de iluminação saudável, Adriana Tedesco.
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Para a OMS, a Síndrome de Burnout tem três indícios principais: sentimentos de exaustão ou esgotamento de energia; aumento do distanciamento mental do próprio trabalho; sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados ao próprio trabalho; e redução da eficácia profissional. Segundo dados de levantamento feito pelo órgão de saúde, em 2022, 44% dos brasileiros disseram ter a sensação de esgotamento profissional nos últimos anos.
Os dados significam que cerca de 39,6 milhões de trabalhadores são afetados — em um ranking de oito países sondados, o Brasil ocupa a primeira colocação, à frente de Singapura (37%), Estados Unidos (31%) e Índia (29%).
O corpo e a iluminação
Durante a evolução da humanidade, a maior parte do tempo era vivenciada na natureza. Hoje esta situação foi invertida e passamos mais de 90% do dia em espaços fechados, seja em nossas casas ou trabalho.
Nosso corpo foi moldado consoante a natureza, para se harmonizar com plantas, rios, montanhas e não com ambientes construídos. Isto é inerente ao ser humano, nós temos uma relação de interdependência com a natureza, por isso o aumento das doenças chamadas doenças da sociedade moderna, que se dá pelo modo de vida que temos hoje.
Acontece que os ambientes nunca são neutros e estão sempre impactando de alguma forma. Alguns locais de trabalho podem ser considerados tóxicos para as pessoas, dependendo da forma como foram planejados e construídos. Por isso vemos este aumento tão grande da Síndrome de Burnout.
Um ambiente de trabalho, sem acesso à luz natural, com baixa intensidade luminosa, com ofuscamento emitido pelas fontes de luz, com uma temperatura de cor fixa o dia inteiro, certamente trará consequências sérias para a saúde dos usuários, aumentando estresse, agressividade, dificuldade de concentração, baixa produtividade, dor de cabeça, fadiga visual, ou despertar de tristeza, entre outros que, dependendo da predisposição de cada organismo, pode ou não desencadear algumas doenças.
“Uma boa iluminação para ambientes de trabalho deve atender as necessidades humanas, por isso deve considerar colocar a luz em movimento, que precisa ser o mais próximo possível do ciclo natural que o sol faz durante o dia, ou seja, simular a passagem do tempo, entregando aos usuários as informações corretas do horário do dia em que estamos mudando em temperatura de cor e intensidade, para que o organismo fique sincronizado com a natureza, funcionando de maneira mais equilibrada”, afirma.
Iluminação para o home office
Segundo a naturopata, trabalhar em casa vai exigir os mesmos cuidados em relação à iluminação. Uma dica bastante eficaz é a de posicionar a mesa de trabalho perpendicular à janela, pois desta forma se impede o excesso de ofuscamento.
“A luz natural vai se encarregar de informar corretamente ao organismo do indivíduo o momento do dia em que estamos, para que os hormônios corretos sejam desencadeados na hora certa e vai contribuir para que esta pessoa comece a desacelerar no final de tarde, com a emissão da luz âmbar do pôr do sol.”
Este recurso contribui bastante para que os níveis de estresse diminuam consideravelmente, mas existem outras estratégias baseadas nas respostas já evidenciadas pela ciência; a interpretação dos elementos de um ambiente favorecem a ativação das ondas Alfa, que influenciam na dopamina, regulando o humor e estresse.
“Um bom projeto de iluminação precisa ser integrativo, deve permitir uma boa qualidade e quantidade de luz, considerando as questões emocionais/psicológicas, visuais e biológicas, que vão melhorar consideravelmente a saúde e o bem-estar dos usuários dos espaços, melhorando desempenho visual e produtividade”, finalizou Tedesco.
Fonte: Olhar Digital
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