Um estudo realizado por pesquisadores holandeses descobriu que a idade aparente — a que você apenas parece ter — pode ter relação com o risco de desenvolvimento de doenças.
Publicado na revista científica British Journal of Dermatology, o artigo indicou que pessoas que aparentam ter menos idade do que realmente tem possuem um risco 24% menor de desenvolver algumas condições de saúde.
“O fato de a aparência física mais envelhecida se relacionar com o risco de doenças é algo que vem sendo relacionado há algum tempo porque sabemos que os hábitos e fatores que causam o envelhecimento sistêmico, isto é, do corpo como um todo, são na grande maioria comuns. Porém, até a publicação desse artigo científico maior, não tínhamos estudos bem-feitos relacionando esses dois fatores”, diz Natasha Crepaldi, professora da residência em dermatologia da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
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O estudo selecionou 2.679 pessoas, com idades entre 51 e 87 anos, de descendência europeia, e tirou fotos em alta resolução a fim de comparação. Os participantes foram instruídos a não usar cremes, maquiagem ou acessórios que melhorassem ou disfarçasse o verdadeiro aspecto da pele.
Em um painel, as imagens foram analisadas e idades foram atribuídas a elas sem nenhuma informação complementar, apenas com uma escala de idade que colocava o voluntário em uma variável de cinco anos (chamada de idade percebida — IP) – cinco anos a mais ou a menos.
Em seguida, os pesquisadores comparam a idade percebida com a idade real e identificaram as diferenças de idade e de doenças relacionadas ao envelhecimento, como problemas cardiovasculares, pulmonares, renais, ósseas, neurocognitivos e oftalmológicas.
Aparência de mais novo, menor risco de doenças
Conforme os resultados, quem aparentava ter cinco anos a menos do que realmente tinha mostrava menos registros (24%) de quatro tipos de doenças, entre elas osteoporose e perda auditiva.
Foi observado também uma redução de 15% na incidência de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), e 16% a menos de casos de catarata, que torna a visão embaçada. O funcionamento cognitivo nessa parcela dos participantes também demonstrou ser melhor.
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Para todas as condições, os cientistas têm uma possível explicação do motivo para afetarem em maior porcentagem os que aparentam ser mais velhos:
Outra possibilidade é que “a osteoporose pode estar associada à perda óssea facial, causando uma aparência mais envelhecida”, escreveram no estudo.
O tabagismo passivo, poluição do ar e exposição a substâncias no trabalho foram consideradas, já que todas “também foram associadas ao envelhecimento da pele”.
O envelhecimento da pele também está ligado ao envelhecimento celular e um menor comprimento dos telômeros — uma estrutura que protege o material genético nos cromossomos de cada célula. O encurtamento, que ocorre naturalmente devido ao avanço da idade, é o que leva ao envelhecimento do sistema imunológico, e também outras partes do corpo, tendo ligação com o surgimento de doenças.
“Sabidamente a senescência (envelhecimento) celular cutânea (na pele) está associada a um menor comprimento dos telômeros. E quando eles se encurtam, por estarem pouco protegidas, as células não se renovam apropriadamente e as suas funções ficam comprometidas, afetando o funcionamento de todos os órgãos do corpo”, explicou Crepaldi.
Vale pontuar que os telômeros são considerados a chave do envelhecimento e, segundo especialistas, mudanças no estilo de vida ajudam a manter a saúde deles; fazer exercício e adotar uma dieta saudável são a base. Há estudos que também relacionam a saúde emocional, como estresse, ao encurtamento dessa proteção, que se desgasta.
Em suma, a equipe concluiu que “tanto a saúde física quanto a cognitiva estão associadas à aparência facial, destacando a IP (idade percebida) como um biomarcador de morbidades e indicando que a aparência de uma pessoa pode ser usada como um sinal clínico adicional na avaliação física”.
Com informações do O GLOBO
Fonte: Olhar Digital
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