Novo comandante da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo também esclareceu que não vai retirar as câmeras implementadas no uniforme dos policiais
Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, realizada nesta terça-feira, 17, o novo secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite, detalhou os desafios em relação ao efetivo das polícias no Estado e a implementação de novas tecnologias ao longo dos próximos quatro anos. Outro grande desafio é o combate ao tráfico de drogas na chamada Cracolândia, localizada na região central da capital paulista. A respeito das ações no local, o secretário ressaltou a necessidade de um esforço para além da segurança pública: “Só vamos resolver o problema da cracolândia utilizando inteligência e o trabalho entre as secretarias. O vice-governador Felício, coordenador dos trabalhos, já convocou a Secretaria de Segurança Pública, a de Saúde, a de Assistência Social e o município de São Paulo, que tem participação nisso. É um sistema que se retroalimenta, e furtos e roubos na região ocorrem porque os viciados na droga cometem roubos para sustentar o seu vício”.
“Se não tivermos uma ação coordenada intersecretarias, com a participação do Ministério Público e Poder Judiciário, isso nunca vai se resolver. Por parte da segurança pública, o que cabe a nós é combater o tráfico que ocorre lá e realizar as prisões dos traficantes. Nós todos estamos empenhados, até porque é prioridade do governador e do governo resolver o problema da cracolândia (…) Uma das coisas que está sendo falada na reunião é a questão da justiça terapêutica. Criminosos que cometem pequenos delitos na região, ao invés de serem conduzidos ao sistema prisional, que eles sejam voluntariamente submetidos a um tratamento para desintoxicação. Para isso, a assistência social precisa ter vagas. Por isso que esse trabalho coordenado será o grande desafio e também o segredo do sucesso para a resolução do problema”, explicou.
Derrite também abordou a polêmica que foi gerada na campanha eleitoral a respeito da manutenção ou retirada das câmeras de segurança nos uniformes da Polícia Militar. Para o secretário, é importante ampliar o uso destes equipamentos: “A câmera corporal do policial foi instalada única e exclusivamente com o objetivo de fiscalização e controle, é bom deixar claro isso. E ela pode ter a sua funcionalidade mais operacional, que é o que nós estamos buscando agora. Primeiro, deixo claro que os contratos vigentes e convênios vão permanecer. A gente não vai retirar a câmera dos policiais. Nós queremos até ampliar a utilização das câmeras. Porém, além desse objetivo de fiscalização e controle, vamos dar uma funcionalidade mais operacional”.
“Estamos estudando, com o setor de tecnologia das polícias e o setor de inteligência, para que as câmeras corporais possam fazer, por exemplo, leituras de placas de veículos roubados, de motocicletas roubadas ou furtadas, possa em um eventual futuro, desde que amparado pela legislação vigente, fazer o reconhecimento facial com base no banco de dados das pessoas procuradas pela Justiça (…) Além disso, temos modalidades de policiamento, como o policiamento ambiental, que por vezes é responsável por uma área territorial gigantesca, onde policiais em duplas ficam afastados por quilômetros de distância mata a dentro. A câmera pode funcionar por georreferenciamento e nos dar a exata localização dessa patrulha, garantindo proteção e segurança maior para o policial”, argumentou.
O comandante da Secretaria de Segurança Pública também declarou que seus principais desafios estão na recomposição do efetivo das polícias, que atualmente está em déficit de profissionais, na implementação de novas tecnologias e na integração das forças de segurança do Estado: “Estamos enfrentando hoje a maior crise de efetivo da história das forças de segurança de São Paulo. Temos um plano emergencial de recomposição de efetivo. Claro que policiamento não se faz só com efetivo, mas o fato é que temos quase 15% de defasagem na Polícia Militar, mais de 25% na Polícia Técnico-Científica, e mais de 32,2% na Policia Civil. Isso afeta diretamente na prestação do serviço público de segurança pública. Além disso, nós queremos incrementar o uso da tecnologia para combater o crime e proteger a pessoas (…) Vamos ter os nossos convênios com os municípios, naquilo que chamamos de ‘Muralha Paulista’, que vai ser um programa forte da segurança pública, conectando várias boas intenções que já existem e estão em prática nos municípios”.
“O primeiro desafio é de integração entre as polícias. Fazer com que todos vistam a mesma camisa e deixem aspectos corporativos de lado (…) Cabe a nós, além desse trabalho de integração, o uso da tecnologia no combate ao crime, seja crime comum ou crime organizado, e a asfixia financeira do crime organizado (…) Crime organizado se combate com inteligência e asfixia financeira. Onde o crime organizado está usando o dinheiro arrecadado do tráfico ilícito de drogas e outros crime correlatos? É um grande desafio, mas estamos empenhados. Montamos um time extremamente técnico. Montamos esse time para dar conta do recado e entregar um bom resultado”, afirmou.
O secretário também exaltou o trabalho das polícias na retirada pacífica dos acampamentos de manifestantes em frente aos quartéis, após as invasões e depredações ocorridas em Brasília: “Nós não tivemos problemas aqui nem parecidos com o que aconteceu lá. Quando nós soubemos da ADPF 519, sobre a desmobilização dos acampamentos, nós de imediato no nosso gabinete de crise instalado na noite de domingo, demos fiel cumprimento à ordem judicial. Mas, partindo do princípio de que as pessoas que estavam lá muitas delas nem sabiam dessa ordem judicial, nem todas acompanharam o que estava sendo noticiado. No primeiro momento nossa intenção era dar a notícia e, assim que recebessem a notícia, que ocorresse de forma pacífica, e foi o que aconteceu”.
“São Paulo deu o exemplo e, em seis horas de operação a partir do meio dia da segunda-feira, os 34 pontos de acampamentos que existiam no Estado de São Paulo foram completamente desmobilizados, com todos aqueles que estavam lá recebendo a informação e obedecendo a ordem judicial. Nós respondemos a esse questionamento que foi feito pelo Ministério Público Federal, informando as ações da Polícia Militar e da Polícia Civil, e tivemos a felicidade de não ter nenhum acampado que resistisse à ação, por isso não houve nenhuma prisão por parte da polícia contra essas pessoas”, detalhou. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.
Fonte: Jovem Pan News
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