Com a preocupação em mostrar que estão fazendo um trabalho sério e correto, as empresas de tecnologia emitem relatórios mostrando como estão lidando com os desafios de comandar suas plataformas. Porém, foi divulgado recentemente após uma análise, que estas informações tem sido manipuladas. 

Normalmente, estes relatórios de transparência, como são chamados, contam quais medidas as plataformas estão tomando para combater conteúdos impróprios, como nudez, terrorismo e discurso de ódio, e suas contribuições com as autoridades na aplicação da lei. O princípio-chave da transparência é garantir que as plataformas de tecnologia atuem de forma honesta, reportando as principais métricas que utilizam para demonstrar como operam. 

É comum que estes relatórios sejam divulgados a cada 6 meses. A primeira empresa a divulgar foi o Google, em 2010, e outras big techs seguiram o exemplo. 

No entanto, há dúvidas sobre o quão transparentes eles realmente são. Aleksandra Urman, da Universidade de Zurique, e Mykola Makhortykh, da Universidade de Berna, analisaram o conteúdo dos relatórios de diversas empresas com base nos Princípios de Santa Clara, diretrizes para melhores práticas de transparência na moderação de conteúdo das plataformas. Eles foram criados em 2018 e, rapidamente, várias empresas de tecnologia passaram a endossá-los.

“Os princípios estabelecem que, para todos os dados divulgados, deve haver uma desagregação por país. E é isso que falta na maioria dos relatórios”, explica Urman. Algumas empresas se saem pior, como a Apple e a Amazon, por exemplo, que não cumprem muitos dos princípios avaliados. “Não está totalmente claro o que a Apple avalia como conteúdo impróprio. Ela, de fato, modera a App Store. Só não sabemos como”, completa.

Ilustração das principais big techs: Alphabet, Amazon, Apple, Facebook e Microsoft
Ascannio/Shutterstock

Urman também destaca alguns problemas nos relatórios de transparência do Google e do YouTube. “O Google foi, na verdade, o pioneiro dos relatórios de transparência. Mas não detalha todos os seus produtos”, revela a pesquisadora.

“Existem relatórios apenas do YouTube. Há outros sobre o Google. Mas nenhum apresenta detalhes. Por exemplo: o que derrubaram do YouTube? O que derrubaram do sistema de busca? E quanto aos seus outros produtos, como o Google Docs? Também não sabemos”.

Um porta-voz da empresa disse: “O Google é líder em relatórios de transparência de seus produtos há anos e divulgamos regularmente informações sobre solicitações do governo para remoção de conteúdo, bem como as medidas que tomamos para proteger nossos usuários e plataformas de conteúdo que violem nossas políticas ou leis locais. Acreditamos na transparência e continuaremos buscando maneiras de expandir esses esforços no futuro”.

Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!