O Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) anunciou que abriu processo criminal contra um cidadão americano não identificado por alegações de envolvimento em “espionagem” relacionada a “tópicos biológicos”.

O FSB – responsável principalmente pela segurança interna e contra-espionagem – publicou breve declaração na quinta-feira detalhando a ação, mas dando poucos detalhes.

“O Serviço Federal de Segurança da Federação Russa abriu processo criminal contra um cidadão dos EUA com base no corpus delicti previsto no artigo 276 do Código Penal: ‘Espionagem’”, dizia o comunicado publicado no site do FSB.

“O americano é suspeito de coletar informações de inteligência sobre tópicos biológicos direcionados contra a segurança da Federação Russa.” A declaração não deu nenhuma indicação sobre a identidade do cidadão americano, nem se ocorreu prisão.

A contínua invasão da Ucrânia pela Rússia e o crescente apoio dos EUA a Kiev – tanto bilateralmente quanto sob a égide da OTAN – complicaram as disputas de lei e ordem envolvendo cidadãos americanos e russos no exterior. De fato, o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, disse que Moscou e Washington já estavam em guerra.

As duas nações conseguiram troca de prisioneiros de alto nível em dezembro, quando a estrela do basquete americano Brittney Griner foi liberta de prisão russa após ter sido detida em fevereiro de 2022 e posteriormente condenada a nove anos atrás das grades por porte de drogas.

O notório traficante de armas russo Viktor Bout foi liberto em troca. Bout, que se acredita ter extensas conexões com o Kremlin e os serviços de inteligência da Rússia, passou 14 anos em prisões americanas. Ele foi condenado em 2011 por quatro acusações, incluindo conspiração para fornecer armas a organização terrorista estrangeira, bem como conspiração para matar americanos. Mais tarde, ele foi condenado a 25 anos de prisão.

No caso relatado pelo FSB na quinta-feira, a acusação de espionagem e as informações sigilosas envolvidas podem complicar uma situação hipotética em que um cidadão americano seja detido. Ainda não há indícios de que os suspeitos tenham sido presos, ou mesmo que estejam na Rússia.

Paul Whelan, ex-fuzileiro naval dos EUA que agora cumpre sentença de 16 anos em colônia penal russa, tendo sido condenado por acusações de espionagem, não esteve envolvido na troca de prisioneiros de dezembro que libertou Griner e Bout. Moscou supostamente se recusou a considerar sua liberdade ao lado de Griner.

Whelan, 52 anos, foi preso pelo FSB em Moscou em dezembro de 2018, acusado de atuar como espião da inteligência militar e pego com o que Moscou disse ser um pen drive contendo informações classificadas.

Whelan alegou inocência, dizendo estar visitando a Rússia para assistir ao funeral de um amigo e que havia recebido a direção de um amigo russo.

Whelan disse à CNN em dezembro que estava “muito desapontado” por não ter sido incluído na troca de prisioneiros. “Fui preso por um crime que nunca ocorreu”, disse ele, “não entendo por que ainda estou sentado aqui.”

Via Newsweek

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