O NRF Retail’s Big Show 2023, maior feira mundial voltada ao varejo, que dita tendências e compartilha boas práticas para diversos segmentos, aconteceu nos últimos dias e em sua 113ª edição, trouxe como foco deste ano a retomada e o avanço do varejo. O evento contou com mais de 175 palestras e 350 speakers. Confesso que a expectativa, que já estava lá em cima, conseguiu ir além! Vimos um evento super organizado, com diversos stands, palestras recheadas de conhecimento e oportunidades para nosso varejo se fortalecer. É um prazer representar mais uma vez a Livelo aqui, e fazendo parte dos patrocinadores de um dos maiores grupos de varejo, a Varejo180.
Logo no começo do evento, tivemos a palestra do presidente da Macy’s, considerada uma das maiores rede de lojas do mundo. Jeff Gennette falou muito sobre cultura, diversidade, engajamento de pessoas dentro da corporação e a importância da personalização e experiência do cliente, assunto que olhamos muito. Além disso, o CEO compartilhou as ações da companhia para se manter na liderança – uma verdadeira aula! E hoje, trouxe com exclusividade os principais dados e insights dos diferentes painéis que acompanhamos aqui.
No painel “Geração Z: Uma geração repleta de contradições”, tivemos incríveis palestrantes que trouxeram assuntos como a influência da geração Z, os impactos da inflação mundial, novos canais de venda dentro do metaverso e a ideia de sustentabilidade e longevidade de produtos. Um dos pontos que mais me chamou atenção nesta palestra foi de que temos uma geração repleta de contradições. Esse é um ponto-chave para compreender a dinâmica e o comportamento fluido dessa geração que busca tecnologia constantemente. Aliás, a fluidez é um elemento central da mentalidade dos Zs, não é mesmo? São fluidos no gênero, fluidos na relação com o trabalho e fluidos na forma de consumir. Estão descobrindo o mundo para fora dos celulares, pós-pandemia, como uma “curiosidade” depois de tanto tempo encapsulados nas telas.
Outro painel que me chamou atenção sobre Geração Z foi com Leslie Ghize, Vice-Presidente Executiva da Doneger/Tobe e Kristin Patrick, CMO da Claire’s, no qual trouxeram de forma perspicaz, insights que definem e melhoram a percepção da Geração Z, ainda que longe de compreenderem que a força descomunal desses jovens está no controle da narrativa. São caçadores de ofertas, ainda que alguns estudiosos os definam como pessoas em busca de uma consciência de preço justo, são almas experimentais, já que gostam de praticar e assumir várias identidades e assumem uma espécie de face naturalista, que é uma forma de parecerem autênticos.
Um dado interessante mostrado pela AdWeek mostrou em pesquisa que 50% dos jovens da Geração Z declararam que pensam em fazer suas próprias roupas, enquanto mais de 25% declararam serem muito parcimoniosos como o consumo de moda. Tentam conciliar a autoexpressão com o repúdio ao descarte e ao altamente perecível. Mais consciência, certo? Estão descobrindo o mundo físico, explorando. Percebi que esse comportamento será clássico da Geração Alpha, aquela que já sabe e conhece o universo vasto de tecnologia! Já nasceu em um mundo que tem bluetooth, PIX, convivência com BOTs e IAs.
Já no painel “Curadoria, ser cativante e contemporânea: um projeto para lojas físicas”, tivemos participantes de nome como Matt Alexander, Co-fundador & CEO da Neighborhood Goods, Anna Harman, Co-Founder & CEO da Studs, Nicole Leinbach, Fundadora e autora do Retail Minded e Amanda Raposo, Chief Experience Officer da CAMP, uma empresa de experiência familiar. Eles trouxeram visões de omnicanalidade e as dificuldades de levar o consumidor para a loja física devido ao hábito consolidado na pandemia de não sair de casa. O que eles destacam aqui é que a loja tem que ser mais do que um local onde se pode efetuar uma compra, para motivar o consumidor a usar o ambiente físico em vez do digital, é necessário aprimorar junto com a tecnologia a experiência em loja, mas é fundamental escolhê-las de acordo com o modelo de negócio, para torná-lo único e mais relevante para o público que se acostumou a consumir no e-commerce.
No painel “Preparando-se para o futuro do comércio com Mattel e Shopify”, tivemos Richard Dickson, President and Chief Operating Officer da Mattel e Harley Finkelstein, President da Shopify. A Mattel foi fundada como uma aposta no público que veio a ser chamado de Baby Boomer, em 1945, até então, com as marcas Hot Wheels e Barbie. Hoje, a empresa é um exemplo de resiliência, inovação e adaptação às mudanças de comportamento do consumidor, e para manter a relevância, a Mattel utiliza uma metodologia com três etapas:
- PROPÓSITO. Cada uma das marcas é direcionada por um propósito, respondendo a questão “Qual valor essa marca traduz?”
- INNOVATION DRIVEN BY DESIGN. A Mattel busca sempre entender o consumidor e inovar/desenhar produtos de acordo com aquilo que aprende sobre ele.
- SER SEMPRE PARTE DAS CONVERSAS. A Mattel busca integrar os produtos à realidade cultural dos consumidores, para que sempre seja uma representação daquilo que está no dia a dia – exemplo disso são as Barbies de diferentes profissões, que geram identificação com o sonho das crianças, ou com a função desempenhada pelos pais, etc.
E dentre as novidades recentes da empresa, a chegada da Mattel com o Mattel Creations, um e-commerce no qual são vendidos produtos desenvolvidos em parceria com diferentes designers e artistas. A ideia foi levar as marcas da Mattel para outros ambientes, mas também funciona como um espaço de encontro e representatividade para diferentes públicos, inclusive adultos, que adquirem colecionáveis e afins. Hoje, são vendidos até NFTs ampliando a função tecnológica e financeira. Por fim, o clássico “consumidores falam com as marcas o tempo todo”. É preciso aprender com as conversas, ouvir o consumidor e criar as mudanças instigadas por ele.
E por último, participamos do painel “Tendências do varejo de supermercado na América do Norte para 2023”, com Sajal Kohli, Sócio Sênior e Líder Global de Bens de Consumo e Prática de Varejo da McKinsey & Company e Jack Sinclair, Diretor Executivo do Mercado de Agricultura.
Eles compartilharam dados interessantes como: nos EUA, em 2022, o número de vezes em que os consumidores se alimentaram fora de casa cresceu mais do que a alimentação em casa. Ao mesmo tempo, os alimentos para o lar tornaram-se 12% mais caros.
Além disso, de 2021 para 2022, o consumo de alimentos para casa cresceu 15% no ambiente online, mas entre 2019 e 2021, cresceu 40%. Esse aumento de preços e inflação estão entre os três fatores de maior preocupação para 65% dos consumidores que revelaram que 44% estão reduzindo o quanto poupam e 75% acreditam que a economia será impactada nos próximos 6 a 12 meses.
Sem dúvidas esse evento trouxe como referência e conhecimento as maiores tendências para o ano de 2023 e esperamos que ajude o mercado do varejo e tecnologia a crescerem ainda mais. Seguimos de olho!
Por Marcelino Cruz, Diretor de Desenvolvimento de Negócios B2B da Livelo
Fonte: Olhar Digital
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